Em pronunciamento oficial em cadeia de rádio e televisão na noite dessa terça-feira (24), o presidente fascista e ilegítimo do País defendeu o fim da quarentena e a reabertura de escolas e comércios por todo o Brasil. Segundo Bolsonaro, a epidemia de coronavírus não passa de uma “gripezinha” e de que existe uma campanha “histérica” patrocinada pela “mídia”.
Segundo informações que circularam na imprensa logo após o pronunciamento, o discurso de Bolsonaro atenderia a ala mais ideológica da sua base de apoio e o seu teor não era do conhecimento sequer do seu ministério.
A decisão tomada por um círculo restrito é, em primeiro lugar, uma tentativa de resposta de Bolsonaro diante da deterioração crescente do seu governo: repúdio popular, crise com o Congresso e os governadores, incapacidade de apontar uma mínima resposta à pandemia. Desse ponto de vista representa uma atitude de desespero, que vai na contramão de seus aliados internacionais como o governo norte-americano. Até poucos dias atrás, Trump adotava uma política muito semelhante à do presidente brasileiro. Com a escalada da epidemia nos EUA, inclusive com alguns analistas do País estimando em 2 milhões o número de vítimas fatais e de até 50% da população de infectados, a pressão interna diante da crise que se avizinha fez com que o presidente fascista de lá recuasse.
No caso brasileiro, mesmo aliados próximos ao presidente ficaram alarmados diante do pronunciamento. Se já era um governo absolutamente desorientado, com decisões que contrariavam o que havia declarado no dia anterior, como foi no caso do recuo na edição da MP que patrocinava a suspensão de contratos dos trabalhadores pelas empresas por 4 meses, ao que tudo indica a sua posição de simplesmente desconsiderar a epidemia do Covid-19 coloca o presidente em rota aberta de colisão com o regime político golpista que o sustenta.
A grande velocidade com que se desenvolvem as crises econômica e política do País e que têm como catalisador a expansão do coronavírus no Brasil e no mundo só pode ter um desfecho progressista caso as organizações de esquerda que se colocam como representantes dos trabalhadores rompam com sua política de passividade diante do agravamento da situação.
Os golpistas com ou sem Bolsonaro são os responsáveis pelo desmonte promovido no Estado brasileiro, condição fundamental que pavimenta a catástrofe para o povo com a epidemia do coronavírus.
A política de Bolsonaro, mas que também é a política do conjunto do regime golpista, será responsável pelas dezenas de milhões de infectados no País e milhões de mortos, de acordo com a estimativa de especialistas da área de saúde. Como se atesta no Brasil, essa política consiste em salvar os capitalistas com a destinação de centenas de bilhões de reais ao mesmo tempo em que trata o povo com placebo diante da maior crise nacional, provavelmente, de toda história do País.
A defesa de Bolsonaro de por fim ao confinamento apressará a catástrofe, mas a manutenção pura e simples dessa medida é absolutamente insuficiente para fazer frente à epidemia. Em outras palavras, Bolsonaro quer matar o povo mais rápido e os golpistas de todos os matizes de maneira mais lenta.
Não há uma política de Estado real para enfrentar a epidemia no Brasil, não existe infraestrutura hospitalar, não existe testes para detectar os contaminados, não existe uma política pública para atender a esmagadora maioria da população que vive em condições precaríssimas nas cidades brasileiras, não existe política para garantir o sustento das famílias que estão confinadas e para piorar, dezenas de milhões de pessoas continuam se sujeitando diariamente a embarcar em transportes públicos que são verdadeiras “latas de sardinha” e que estão submetidos em seus locais de trabalho a condições insalubres e que, finalmente, voltam ao final do dia nas mesmas “latas de sardinha” para suas casas e compartilham de pequenos ambientes com seus parentes, supostamente, em quarentena, e “livres do vírus”.
Antes que o povo saia por conta própria, desorganizado, e isso fatalmente ocorrerá, pois não haverá condição de ficar em casa sem alimento, sem remédio, sem higiene, a única saída é o povo organizado e mobilizado pelas suas organizações impor pela força o atendimento de suas necessidades básicas e fundamentais. É por isso que é fundamental lutar pelo fora Bolsonaro e todos os golpistas. Por outro lado, deixar nas mãos dos golpistas a retirada de Bolsonaro ou que esses mesmos golpistas consigam enquadrar Bolsonaro para que o regime de conjunto continue patrocinando as atrocidades contra o povo é, no mínimo, colaborar com o carrasco.