Uma pequena nota na revista Época procura apresentar a defesa que o PCO faz da Amazônia contra a intervenção imperialista como uma posição bolsonarista. O PCO seria “bolsonarista” ao defender a Amazônia, haveria um suposto acordo entre o partido e Bolsonaro nessa questão. É o que sugere de maneira maliciosa o texto publicado no sítio da revista sob o título “Bolsonaro e comunistas contra o ‘imperialismo’”, assinado por Eduardo Barreto no espaço do colunista Guilherme Amado.
A revista Época, que já ostentou Olavo de Carvalho como seu principal colunista, faz parte do Grupo Globo, o mesmo da Rede Globo de Televisão, principal monopólio das comunicações no Brasil. A Globo é a principal responsável pela ascensão do bolsonarismo e pela chegada de uma figura grotesca como Bolsonaro à presidência. Foi a Rede Globo a principal autora da farsa dos coxinhatos, primeiro convocando as manifestações de maneira mal disfarçada, depois exagerando a dimensão dessas manifestações para montar a farsa de que haveria apoio popular ao golpe de 2016.
Foi nessa ocasião que a base bolsonarista surgiu, com seus cerca de 12% da população, segundo pesquisas da imprensa burguesa. Uma base grande para um político de direita. Um presente da Globo para Bolsonaro. Agora, apesar do aparente embate que haveria entre Bolsonaro e Globo em torno de questões secundárias, muitas vezes relativas ao comportamento, há um apoio intenso da Globo ao programa neoliberal de Bolsonaro, como no caso do apoio à reforma da Previdência, às privatizações, à retirada de direitos trabalhistas, ao corte de gastos etc.
Apesar de tudo isso, o blogueiro da Globo achou conveniente dizer que “em um ponto Jair Bolsonaro e comunistas concordam: o discurso de que a Amazônia é alvo do ‘imperialismo’ de Emmanuel Macron.” Colocando o imperialismo entre aspas a Globo tenta ocultar seus próprios apoiadores, como se eles sequer existissem, a despeito do controle de setores inteiros da economia mundial, do predomínio militar e político, e da interferência política de abrangência global dos países imperialistas. Esses fatos seriam apenas um “discurso”. Como se as guerras do Iraque e do Vietnã fossem “discursos”, ou o golpe na Venezuela, entre centenas de outros exemplos possíveis.
Curiosamente, mais uma vez, a Globo ajuda Bolsonaro com essa comparação. Pois o “nacionalismo” de Bolsonaro, como sempre acontece no caso da extrema-direita, não passa de demagogia. Enquanto vociferava contra Macron, o golpista ilegítimo nomeava informalmente o presidente dos EUA, Donald Trump, para “representar” o Brasil no encontro do G7. Ou seja, Bolsonaro sempre esteve pronto para entregar a Amazônia ao imperialismo, entregando-a logo para o principal país imperialista do mundo.
A soberania na Amazônia está ameaçada por Bolsonaro, que é entreguista. E esse entreguismo a bolsonarista Globo apoia, apesar de diferenças pontuais sobre assuntos semi-irrelevantes.