Por quê estou vendo anúncios no DCO?

Protestos golpistas

Bolívia: vitória e enfrentamento

Carlos Mesa, governo dos EUA e OEA tentam propagar que Morales manipulou as eleições, tentando impedir a posse do líder nacionalista

A direita boliviana e o imperialismo não aceitaram a vitória de Evo Morales, apurados 95,3% dos votos. O atual presidente, que foi reeleito para um quarto mandato, obteve 46,86%, enquanto o segundo colocado, Carlos Mesa, conseguiu 36,72%. De acordo com a lei eleitoral da Bolívia, o candidato que alcançar uma vantagem de 10 pontos de diferença para o segundo lugar é eleito presidente do país, caso obtenha mais de 40% dos votos no primeiro turno,

Percebendo a derrota iminente, o ex-presidente neoliberal (2003-2005), que foi derrubado por uma grande mobilização popular, se lançou em uma campanha golpista alegando não reconhecer o resultado e chamou os “coxinhas” que o apoiam a realizarem atos de violência, que ocorrem em diversas cidades como La Paz, Santa Cruz de La Sierra, Potosí, Cochabamba e Chuquisaca.

Direitistas bolivianos atacaram centros eleitorais em La Paz e Potosí, além de terem incendiado outros em Chuquisaca.

Membros de movimentos sociais, trabalhadores e militantes do Movimento ao Socialismo (MAS) também se mobilizaram para enfrentar os reacionários, o que levou à interdição de alguns centros eleitorais e confusão nas ruas.

Após se reunir com membros do governo, dentre eles o próprio Morales e o vice-presidente reeleito Álvaro García Linera, a Coordenação Nacional para a Mudança (Conalcam, na sigla em espanhol), que agrupa os principais movimentos sociais da Bolívia, anunciou uma série de atividades contra a direita, dentre as quais uma manifestação para esta quarta-feira (23). Por sua vez, o secretário executivo da Central Operária Boliviana (COB), Juan Carlos Huarachi, declarou que a direita “está se aproveitando e quer se aproveitar dessa conjuntura eleitoral e isso não vamos permitir”.

Uma correspondente da emissora Caracol TV noticiou que manifestantes de direita derrubaram uma estátua do ex-presidente venezuelano Hugo Chávez, em meio aos protestos. Tal fato demonstra o caráter anticomunista e golpista dessas ações, bem como uma ligação com os interesses imperialistas.

“Não vamos reconhecer esses resultados que são parte da fraude consumada de maneira vergonhosa e que está colocando a sociedade boliviana em uma situação de tensão desnecessária, uma situação de confrontação”, declarou o golpista Mesa.

Entretanto, se houve alguma fraude, foi da própria direita. Em todas as pesquisas eleitorais, Mesa aparecia com uma média de cerca de 20% a 25% de intenções de voto. De repente, ele conquista incríveis 36% sob uma intensa campanha da direita de que iria para o segundo turno. A paralisação serviu à direita para atacar o governo, com o discurso de que Morales fez com que a contagem fosse congelada porque Mesa estaria crescendo nas apurações. Isso é algo absolutamente surreal, uma vez que todos os acontecimentos anteriores comprovam que Mesa não tem popularidade, nem mesmo um eleitorado de 25%. 

Quando presidente, ele implementou um programa neoliberal e tentou entregar completamente o gás boliviano (uma das maiores riquezas do país) ao imperialismo norte-americano, o que foi o estopim para mais uma grande revolta popular que já vinha sendo acumulada nos governos neoliberais anteriores. O episódio ficou conhecido como a “Segunda Guerra do Gás” e levou a população a derrubar o governo de Mesa.

Interferência imperialista

É visível que a direita e o imperialismo buscam dar um golpe em Morales. A paralisação das contagens também serviu para a campanha internacional de desestabilização do governo.

Na segunda-feira (21), o subsecretário para o Hemisfério Ocidental do Departamento de Estado dos EUA, Michael G. Kozak, também culpou o governo pela paralisação, afirmando que são “tentativas do Tribunal Supremo Eleitoral de subverter a democracia da Bolívia ao atrasar a contagem de votos e tomar medidas que enfraquecem a credibilidade das eleições bolivianas”.

A embaixada norte-americana, por sua vez, emitiu um comunicado prevenindo os cidadãos dos EUA de viajar para e dentro da Bolívia, demonstrando que prevê uma continuidade e mesmo aprofundamento da desestabilização do país – mais um forte indício de que os Estados Unidos estão envolvidos diretamente nos protestos opositores.

Já o “Ministério das Colônias” estadunidenses, a Organização dos Estados Americanos (OEA), utilizou sua missão de observação eleitoral para impulsionar a propaganda da oposição, afirmando que Mesa estaria no segundo turno caso a contagem não tivesse sido paralisada, obviamente por culpa do governo.

“A Missão da OEA manifesta sua profunda preocupação e surpresa pela mudança drástica e difícil de justificar na tendência dos resultados preliminares conhecidos após o fechamento das urnas”, afirma a nota do organismo. “O TSE [Tribunal Superior Eleitoral boliviano] apresentou dados com uma mudança inexplicável de tendência que modifica drasticamente o destino da eleição e gera perda de confiança no processo eleitoral.”

Evo Morales já havia denunciado, na semana passada, que a embaixada dos Estados Unidos estaria envolvida na compra de votos contra ele nas eleições. No entanto, expressou total confiança nos observadores da OEA, que participam das diversas eleições no continente para ratificar as fraudes da direita quando ela ganha e acusar a esquerda de fraudar as eleições quando a direita perde.

Os protestos coxinhas com a fraude eleitoral a favor da direita (aumentando consideravelmente o percentual de votos de Mesa) comprovam todas as denúncias de golpe. Quem acreditava que Morales venceria facilmente as eleições e obteria um quarto mandato com tranquilidade, agora percebe o tamanho do equívoco.

O imperialismo não quer deixar Morales governar. Quer fazer o que fez no Brasil, onde impediu Dilma de governar, até derrubá-la, ou como derrubou os governos de Honduras e Paraguai, ou como fez uma mudança de regime no Equador e na Argentina, ou, se não, como quase promoveu uma guerra civil na Venezuela e na Nicarágua, agora o imperialismo joga boa parte de suas cartas para acabar com o governo nacionalista da Bolívia.

A situação latino-americana e mundial impõe para o imperialismo tentar resolver a crise e salvar os lucros da burguesia uma solução de força bruta. Ela vem por meio de golpes de Estado e a instauração de regimes cada vez mais repressivos, com características fascistizantes, como vemos no Brasil com Bolsonaro, no Equador com Moreno e no Chile com Piñera. Só assim o imperialismo pode conseguir, embora parcialmente, conquistar mais riquezas e recursos dos países oprimidos na atual conjuntura.

Os povos latino-americanos têm se levantado contra os regimes golpistas da direita impostos pelo imperialismo. Na Bolívia, é preciso uma mobilização semelhante, para evitar o golpe e avançar com as pautas classistas dos trabalhadores e demais setores populares, para expulsar o imperialismo da Bolívia, junto com os demais povos da região, decretar o fim do domínio imperialista na América Latina.

Gostou do artigo? Faça uma doação!

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Diferentemente de outros portais , mesmo os progressistas, você não verá anúncios de empresas aqui. Não temos financiamento ou qualquer patrocínio dos grandes capitalistas. Isso porque entre nós e eles existe uma incompatibilidade absoluta — são os nossos inimigos. 

Estamos comprometidos incondicionalmente com a defesa dos interesses dos trabalhadores, do povo pobre e oprimido. Somos um jornal classista, aberto e gratuito, e queremos continuar assim. Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.

Quero saber mais antes de contribuir

 

Apoie um jornal vermelho, revolucionário e independente

Em tempos em que a burguesia tenta apagar as linhas que separam a direita da esquerda, os golpistas dos lutadores contra o golpe; em tempos em que a burguesia tenta substituir o vermelho pelo verde e amarelo nas ruas e infiltrar verdadeiros inimigos do povo dentro do movimento popular, o Diário Causa Operária se coloca na linha de frente do enfrentamento contra tudo isso. 

Se já houve um momento para contribuir com o DCO, este momento é agora. ; Qualquer contribuição, grande ou pequena, faz tremenda diferença. Apoie o DCO com doações a partir de R$ 20,00 . Obrigado.