Ocorreram no dia de ontem as eleições na Bolívia, a primeira após o golpe de Estado que destituiu o governo de Evo Morales. Esse é o primeiro escrutínio em que o ex-presidente não participa há mais de 20 anos.
O pleito já se encerrou, porém, os resultados ainda não foram divulgados. Momentos antes do início da votação, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) boliviano decidiu cancelar o sistema de contagem preliminar de votos, supostamente para evitar resultados imprecisos e criar confusões.
“Não teremos o resultado final e oficial no domingo a noite. Isto irá nos tomar algumas horas adicionais.(…) Para que tenhamos a certeza de que este resultado será semelhante ao final, é preferível prescindir dos resultados preliminares” , disse Salvador Romero, presidente do TSE. Que desta forma ao final “teremos um resultado sem sombra de dúvidas”.
O ex-presidente exilado na Argentina pelo golpe se manifestou em seu twitter que essas decisões de última hora do Tribunal são, no mínimo, suspeitas. Ele afirmou:
Es altamente preocupante que el @TSEBolivia decida suspender el sistema Difusión de Resultados Preliminares (Direpre) a horas de elecciones. Hicimos observaciones públicas que no fueron atendidas oportunamente. Esta decisión de última hora despierta dudas sobre sus intenciones.
— Evo Morales Ayma (@evoespueblo) October 18, 2020
Muitos fatos indicam que estão organizando uma enorme fraude contra o MAS (Movimento para o Socialismo). O próprio partido já sofreu mais de uma tentativa de cassação por parte da Justiça. Em julho deste ano o Tribunal Departamental de Justiça (TDJ) de La Paz, admitiu uma ação de cumprimento que podia obrigar ao TSE anular a sigla do MAS pela difusão de uma pesquisa.
Contudo, a esquerda já estava cantando vitória, visto que o candidato do MAS, Luiz Arce aparecia em primeiro lugar nas pesquisas. Fato que pode ser considerado de forma natural pelo motivo de que os golpistas não possuem base popular, apoiam-se nas forças armadas, na burguesia e em setores direitistas da classe média.
O golpe não possui apoio popular
Nesse momento ocorre no país um processo de violência política e também o desenvolvimento de uma nova operação golpista. Há denúncias que afirmam que as forças armadas estariam comprando uma enorme quantidade de armas e isso só pode significar uma coisa: repressão contra a população.
A situação piora pois muitas destas armas também estariam desaparecendo, ou seja, o governo golpista está equipando e armando grupos paraestatais de extrema-direita.
No que diz respeito às eleições, as urnas estão sendo controladas pela polícia e pelas forças armadas, ao contrário do que normalmente deveria ocorrer em que o TSE controlaria. O próprio Tribunal está sob controle militar.
A mesma polícia que derrubou o governo de Evo Morales e perpetrou uma quantidade enorme de atos de violência contra a população, ocasionando diversas mortes.
Essa situação, bem como dos demais países latino americanos, demonstra que a situação política não caminha para o chamado restabelecimento da democracia, muito pelo contrário.
O que está em marcha é o aprofundamento da ditadura.