O imperialismo continua a dar as cartas no golpe que se consolidou na Bolívia. Após a direita golpista questionar a autenticidade das eleições, uma manobra típica para desestabilizar os governos progressistas da América Latina, o partido de Evo Morales, incluindo ele próprio, acabou por renunciar diversos cargos, deixando a extrema-direita tomar conta do país. Toda conexão com países que possuem governo de esquerda está sendo cortada pelos golpistas que assumiram o controle da Bolívia, como aconteceu nesta sexta-feira (15), quando a extrema-direita que está no poder expulsou todos os funcionários da embaixada da Venezuela, em La Paz.
Os golpistas bolivianos sustentam essa decisão afirmando que os funcionários da embaixada, representantes da Venezuela no país, poderiam interferir nos assuntos internos do país, contudo, essa é mais uma manobra para que seja possível alinhar o golpe cada vez mais com os interesses do imperialismo americano. Karen Longaric, ministra interina do Exterior da Bolívia, de acordo com o discurso dos golpistas, disse ainda que o Executivo será fiel aos princípios da “democracia” e da Carta Democrática da OEA – uma afirmação mentirosa por si só, tendo em vista que eles mesmos passaram por cima da tal democracia, querendo anular as eleições que Morales havia ganho no voto -.
“É claro que vamos romper as relações com o governo de Maduro”, afirmou a ministra golpista, e continuou: “reconhecemos uma Venezuela democrática, ainda mais agora que vimos que os venezuelanos ligados à embaixada venezuelana cometeram atos contrários à lei e atacaram a segurança interna da Bolívia”. Essa declaração foi feita logo após Jeanine Áñez, senadora da extrema-direita que tomou de assalto o cargo de presidente da Bolívia, reconhecer o igualmente golpista Juan Guaidó como presidente da Venezuela. Deve-se lembrar que o imperialismo tentou aplicar o mesmo golpe nas últimas eleições da Venezuela, onde Nicolás Maduro venceu nos votos, mas teve o resultado contestado pelo agente do imperialismo, Guaidó.
Os golpistas da Bolívia deram um prazo para que os diplomatas venezuelanos deixem o país, considerando-os persona non grata. Na tentativa de justificar esse posicionamento, Longaric se sustenta na Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas, insinuando que os diplomatas violaram regras de diplomacia participando de manifestações, além de portarem armas. Contudo, em nenhum momento a ministra golpista deu provas dessa acusação, isso porque não passa de mais uma desculpa esfarrapada para dar prosseguimento à política da extrema-direita, sustentada pelo imperialismo, usando inclusive a religião como arma de manipulação.
A saída do povo boliviano é dar prosseguimentos às mobilizações nas ruas, contra a ofensiva do imperialismo, exigindo a volta de Evo Morales ao cargo ao qual foi eleito e pedindo o Fora Áñez e todos os golpistas. Essa expulsão dos diplomatas venezuelanos é só mais um passo do violento plano que o imperialismo americano traçou para por abaixo qualquer resquício de democracia na América Latina, afinal, para eles, esses países servem apenas como colônia de exploração. O povo boliviano, majoritariamente indígena, deve resistir nas ruas e barrar o golpe, sem deixar de lutar pela expulsão de todos esses golpistas do governo.