Assim como o governo venezuelano, comandado no início do século por Hugo Chaves e agora por Maduro, o governo nacionalista boliviano também nasce de uma gigantesca mobilização popular que tomou conta do continente latino-americano em resposta aos ataques neoliberais promovidos pelo imperialismo e seus governos subservientes.
Dessa forma, sobe na Bolívia Evo Morales, liderança do movimento indígena, peça fundamental nas mobilizações das camadas populares no países e representação de um dos setores mais oprimidos em toda história continental. Graças a isso, o governo nacionalista boliviano fortaleceu-se e resistiu durante uma década contra as investidas da direita imperialista e da campanha internacional que passou a atingir países como Venezuela.
No entanto, até então a Bolívia conseguia se manter levemente fora da linha de foco imperialista. Com um governo relativamente estável e sem nenhuma grande tentativa de golpe, como ocorreu em outros países, o governo de Morales conseguiu de forma conciliadora segurar por um breve momento a tendência assassina da burguesia.
Contudo, como era de se esperar, assim como no Brasil, Venezuela, etc, isso só serviu para adiar o confronto para as próximas eleições, onde a burguesia nacional e o imperialismo já não estariam mais dispostos a manter um governo de tipo nacionalista como de Evo Morales, e tentariam a todo custo assumir o poder e enfim promover a política de massacre da população pobre e destruição da economia nacional, entregando tudo ao imperialismo.
Dessa forma, estas eleições bolivianas tornaram-se um ponto de concentração de toda crise política e social que estava prestes a explodir. A burguesia iniciou sua típica campanha golpistas desde o início, junto a organismos imperialistas internacionais, como a OEA, declarando que a eleição em progresso feria o que eles chamam de “democracia”. E quando Evo foi finalmente reeleito para seu quarto mandato consecutivo, refletindo a vontade das camadas populares em avançar contra a direita, a burguesia passou a declarar fraudulentas toda a eleição, e exigir que o imperialismo “averiguasse” se realmente houve fraude.
Assim como denúncia Morales, esta é uma campanha golpista do imperialismo que visa derrubar um dos últimos governos nacionalistas remanescentes após a onda de golpes de estado que assolou todo continente latino-americano. O processo encontrado na Bolívia é muito semelhante ao venezuelano, denotando novamente a política geral do imperialismo.
Durante toda essa semana, dezenas de milhares saíram as ruas em defesa do governo Evo Morales e contra os manifestantes financiados pelo imperialismo que buscaram tumultuar o país na tentativa de criar uma situação em que a burguesia possa definitivamente intervir para o golpe.
Assim inicia-se mais um golpe em marcha na América-Latina, sob as ordens do imperialismo que vê todos os países em estado de sublevação contra seu domínio.