O ex-presidente Evo Morales divulgou um documento que revela o que os policiais aspiravam fazer.
Em um pouco mais do que um mês antes de sua renúncia no dia 10 de novembro de 2019, Evo Morales, presidente boliviano, veio à público para denunciar um motim dentro da polícia militar em algumas cidades como Cochabamba, Sucre e Santa Cruz, e o prelúdio de um golpe de Estado.
É que a oposição boliviana, eleitores da direita e contrários a Evo Morales, exigiam a anulação das votações que o teriam reeleito presidente, sob a ameaça de que os protestos continuariam caso suas reivindicações não fossem atendida.
Evo estava certo e a situação se acirrou e o golpe se confirmou levando-o ao exílio no México.
Na segunda-feira (26) o ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, tornou a público para revelar um documento oficial em que o comandante da polícia aparece exigindo ao governo Jeanine Añez, o cumprimento do compromisso assumido com a corporação de aumento salarial pelo motim da polícia em 8 de novembro, uma ação que, como se viu, foi o estopim e o caminho para a edificação do golpe de estado na Bolívia.
A publicação se deu em um blog da Telesur, cujo link é: https://www.telesurenglish.net/news/Bolivia-Police-Demand-to-be-Paid-for-Their-Support-for-Coup-20191126-0001.html?fbclid=IwAR3Bafi291Y8j1xaUQZWvZcAs86LfvDlrIjsxrKYqcD3L2m62S4utrNJEjM.
Não é demais frisar que TELESUR é um veículo de imprensa que conta também com um canal de televisão. A Telesur é uma iniciativa do ex-presidente Hugo Chávez, da Venezuela, junto aos governos de Cuba, Argentina e Bolívia, e foi criada como o objetivo de dar uma alternativa comunicacional para toda a América Latina e Caribe, em resposta à mídia imperialista como a CNN e outras emissoras, que transmitem em espanhol e compromissadas com a ideologia burguesa.
A notícia não conta como se deu o vazamento do documento, mas que é uma cópia de uma nota oficial enviada pelo coronel Rodolfo Montero ao ministro do Interior Arturo Murillo, em 25 de novembro passado. Segundo conta, a nota refere-se à “proposta de elevação de salário para policiais” que aspiram a receber salários e benefícios equivalentes aos que os militares têm direito.
Além disso, revela ter o selo oficial da polícia e a assinatura do oficial que liderou o motim, cujo estopim conduziu ao golpe de Estado e a renúncia de Evo.
Não que isso seja uma surpresa pra nós, mas é sempre libertador quando um documento dessa natureza vem a público para confirmar as “teorias de conspiração” da esquerda mais radical, encarada assim pela imprensa golpista, que, quando isso acontece, pinta a realidade como um movimento de revolta. Uma verdadeira desinformação e um total desrespeito ao público que tem que enfrentar uma tal massificação sem ter estrutura para se contrapor e resistir.
Recentemente no Brasil tivemos um importante caso de vazamento protagonizado pelo The Intercept Brasil, com o Glenn Greenwald trazendo a público os áudios da conversa de Moro com Dallagnol, demonstrando a arquitetura de um golpe, que se apropriou da justiça e da polícia federal, em um plano de perseguição política contra o PT e Lula para impor uma política neoliberal. Outros também, como os casos clássicos de Julian Assange e Edward Snowden, foram casos emblemáticos que abalaram essa estrutura de farsa e enganação encobertada pela mídia golpista.
Mas a notícia avança, e lembra, ainda, que, segundo o fórum, Bruce Williamson, o encarregado de negócios dos EUA na Bolívia foi responsável por doar um milhão de dólares a cada chefe militar e 500 mil a cada chefe de polícia.
Nada de novo pelo jeito! Pois, tanto o polícia como o Exército vêm cumprindo a função de sustentar o regime de terra arrasada implementado pelo imperialismo norte americano em todos os países da América do Sul, e uma dura investida para socorrê-lo da crise que o acomete.
Aliás, no caso boliviano fica bem claro que mesmo que a população ganhe nas urnas, a eleição vai fatalmente ser derrubada. Veja que Evo fez todas as concessões à direita concordando com a reivindicação da direita por novas eleições. E mesmo assim o golpe de estado se concretizou. Não interessava nem mesmo outra eleição. Foi mesmo na “mão grande“ a solução do impasse que o imperialismo definiu a questão. Espalhou dinheiro, comprou a polícia que se amotinou, fez uma milícia e derrubou de vez Evo Morales colocando-o no exílio, e meteu a bota na cara da população para impingir-lhe esse regime de morte, arrocho e precarização.