Com a consumação do golpe militar apoiado pelo imperialismo na Bolívia no dia 10 de novembro, os ataques contra o povo boliviano aumentaram exponencialmente, e a população indígena, maioria absoluta no país, passou a ser totalmente massacrada pelos golpistas.
Agora, após mais de dois meses em que Evo Morales foi ilegalmente deposto do poder, a atual presidente do país, Jeanine Áñez deu suporte a uma medida amplamente racista e inconstitucional.
Junto a Direção Geral de Cerimonial de Estado, emitiu-se um documento no qual proibia todos aqueles envolvidos com questões administrativas ou diplomáticas em utilizarem vestimentas indígenas, muito tradicionais no país e diretamente ligada a ampla parte da população.
O documento foi decretado neste última segunda-feira (9), sendo descoberto pela manhã e impondo a necessidade de utilizar-se apenas trajes como paletó e gravata, ou vestido e trajes formais, sendo assinado pelo diretor de cerimonial do governo golpista boliviano.
Logo em seguida, a repercussão negativa provinda dos grupos indígenas tomou conta da situação, obrigando com que a ditadura, após os protestos contra as proibições, voltasse atrás por meio do Ministério de Relações Exteriores, que correu para resolver o problema e disfarçar dizendo que não haverá nenhuma restrição.
O documento assim foi anulado, após pressão popular. Contudo o fato de ter vindo de forma unilateral e com uma pretensão amplamente racista, de ataque direto a maioria da população boliviana, demonstra o caráter da ditadura golpista no país. Um governo que assegura meramente as vontades escusas do imperialismo em detrimento total de seu povo.
Com tais medidas, a ditadura que se estabelece no país regride cada vez mais aos tempos, antes mesmo da constituição de 2009, tenta destruir o Estado Plurinacional e restaurar o Estado colonial, onde os indígenas eram amplamente discriminados e não tinham como garantia quaisquer direitos. Como não bastasse esta situação de esmagamento do povo pobre boliviano, o restante da política governamental fundamenta-se na entrega das riquezas nacionais para as mãos do imperialismo, um serviço totalmente colonial que passa a seguir os modelos da política imperialista no restante do continente.
A população boliviana quase desencadeou uma guerra civil no país após a revolta popular contra o golpe. Os indígenas, uma das maiores forças nacionais, desempenharam papel fundamental na defesa do mandato de Evo Morales. Agora, enquanto os golpistas permanecem no país, esta parte da população vem sofrendo diariamente.
Tem-se como necessidade urgente a organização da esquerda boliviana, assim como do restante da América Latina para enfim travar uma séria luta contra os golpes de Estado e o imperialismo. O caso boliviano já mostrou o fortíssimo desejo popular em lutar contra a direita, basta as direções da esquerda organizarem de forma clara toda esta revolta, as palavras de ordem pela derrubada dos golpistas e a volta de Evo estão na ordem do dia para solucionar o problema no país.
Ceder à direita apenas resultará no aprofundamento do golpe, o momento é de avançar e garantir plenamente os direitos populares.