Da redação – No último programa Análise Internacional da Causa Operária TV, o presidente do Partido da Causa Operária (PCO), Rui Costa Pimenta, abordou o problema do golpe na Bolívia, que derrubou o presidente Evo Morales, através de ameaças dos militares no domingo, 10 de novembro.
O presidente boliviano, que acabara de ser reeleito, renunciou sob pressão da mobilização da extrema-direita nas ruas e das forças policiais e militares que o ameaçaram. Evo saiu do país. Toda a linha sucessória de Evo renunciou diante do golpe. Isso permitiu a autoproclamação como presidente da República Jeanine Áñez, que foi uma imposição dos fascistas e do aparato de repressão boliviana – mesmo diante de um Congresso vazio; Congresso este que estava sob controle do Movimento al Socialismo, de Evo Morales. Ou seja, elegeu-se em situação totalmente ilegal.
Quando os golpistas pensaram que já tinham controlado a situação, a população operária, da cidade de El Alto, mobilizou-se, saiu às ruas e enfrentou-se com a polícia, que aderiu ao golpe. Criou-se um impasse, um princípio de guerra civil, não fosse o fato da população estar desarmada. Com a mobilização popular, os parlamentares voltaram ao Congresso.
O golpe que ocorreu na Bolívia não é diferente do que aconteceu em outros países na América Latina. Não se trata da volta dos golpes militares, pois em Honduras e no Paraguai, onde começou a escaldada golpista contra os países da América Latina, também tiveram a participação as forças armadas, às vezes até mais explícita. Portanto, não se trata de um fato novo na Bolívia, mas da continuação da política golpista do imperialismo que quer impor uma política de terra-arrasada em todos os países atrasados.
Na Bolívia, a participação dos norte-americanos e dos brasileiros é muito óbvia. A região de onde saiu o golpe, cidade de Santa Cruz, é próxima ao Brasil e os empresários locais tem relações econômicas fortes com os empresários brasileiros, que têm um comando sobre este setor da burguesia boliviana.
Isso mostra que não há, por parte do imperialismo, nenhuma intenção de chegar em um acordo com ninguém. Impuseram, na Bolívia, um governo totalmente capacho do imperialismo, ao estilo do governo Bolsonaro. Há um esforço do imperialismo para reverter as pequenas reformas sociais que foram realizadas pelos governos nacionalistas no continente, na década anterior. Não há nenhum sinal, por isso, que seja possível a realização da política que a esquerda quer em todos os países da América Latina: o entendimento com os golpistas. A situação boliviana é um balde de água fria. Não há uma tendência para a conciliação, muito pelo contrário, os fascistas estão levando adiante uma política de enfrentamento com o povo.
Isso mostra que a burguesia, de um modo geral, está se organizando para enfrentar as massas nas ruas, quanto mais a luta de mera aparência dos parlamentares de esquerda. Na Bolívia, há a organização de grupos fascistas. Isso significa que, diante da luta de classes, a burguesia está disposta a implementar governos fascistas no continente, o que é uma tendência geral.
Durante o próprio desenvolvimento do golpe, a esquerda, e o próprio Evo Morales, tentaram apaziguar os golpistas chegando a um entendimento – a entrega de Battisti e a participação de Morales na posse de Bolsonaro são reveladoras nesse ponto. A esquerda quer, então, chegar em um acordo com a direita, uma política de conciliação entre o leão e o cordeiro. Uma política totalmente sem futuro, uma vez que revelou, na Bolívia, que as concessões apenas deram mais gás para o golpe no país.
Por mais informações, assista a Análise Internacional: O golpe de Estado na Bolívia parte 2