O jogador alemão-ganês Kevin-Prince Boateng desabafou em entrevista dizendo que seis anos após os incidentes ocorridos numa partida de futebol amistosa contra um time do norte da Itália, onde foi ofendido com insultos racistas – o que motivou a saída de campo do time pelo qual atuava à época, o Milan – que muito pouca coisa mudou em relação às manifestações de racismo nos gramados europeus. Boateng declarou também que o órgão máximo do futebol europeu, a UEFA, fez muito pouco de lá para cá e que somente coloca placas nos estádios com os dizeres “Não ao racismo”.
Boateng já atuou por grandes clubes europeus em países como Inglaterra, Itália, Espanha e Alemanha. Ele é irmão do zagueiro da seleção alemã, Jeróme Boateng, que joga no Bayern de Munique, um dos gigantes europeus e maior campeão da Alemanha. Kevin-Prince Boateng, apesar de ter nascido na Alemanha, prefere defender a seleção de Gana, país africano que é a pátria do seu pai. Boateng integrou a seleção ganesa que disputou as copas de 2010 e 2014.
O jogador, que atualmente defende o Sassuolo, da Itália, disse que “após o incidente foi convidado para integrar a recém-criada Força Tarefa Contra o Racismo e a Discriminação da Fifa, mas o ex-jogador da seleção de Gana afirma que seu contato com a entidade maior do futebol mundial já não existe há muito tempo” (ESPN, 08/11). Indo diante nas críticas, o jogador declarou que “o silêncio das autoridades do futebol incomoda” (Idem, 08/11). “Eu tive três ou quatro ideias. Expus elas. Conversei com eles sobre isso. Mas no fim do dia, nada aconteceu. Nada mudou”, afirmou o jogador em entrevista à ESPN, dizendo que a decepção é muito grande (Idem, 08/11).
O que o ex-jogador da seleção ganesa afirma em sua entrevista é algo que o mundo inteiro já tem conhecimento, sendo mais um episódio nas dezenas de denúncias que figuram (ou não) nas páginas dos jornais mundo afora. Boateng revela sem sua entrevista que há uma espécie de cumplicidade silenciosa das autoridades europeias ligadas ao futebol que muito pouco ou quase nada nada fazem para coibir as manifestações racistas nos estádios do velho continente. A UEFA e a FIFA apenas encenam campanhas contra o racismo e outras formas de discriminação, mas que efetivamente, as coisas ficam nisso e não dão em nada. O racismo ficou tão somente escondido, está meio oculto, mas em nenhum momento foi banido dos estádios. “A única coisa que mudou é que o racismo é mais escondido. Não é mais na frente, ou com pessoas cantando, porque eles sabem que vai existir sanção, as pessoas vão ver. Então é apenas um pouco mais escondido. Mas ainda está lá pois você vê os últimos cinco anos e muita coisa aconteceu ainda, e é muito alarmante porque depois de cinco anos nada aconteceu, nada mudou. Isso é triste”, declarou (Idem, 08/11).