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Eleição na Câmara

Bloco de Maia: uma “oposição” que sustenta a situação

Atual presidente da Câmara foi o principal sustentáculo do governo Bolsonaro no Congresso Nacional e impede a tramitação de cerca de 60 pedidos de impeachment do presidente

A principal discussão na política nacional nesse momento são as articulações para o apoio às candidaturas para a presidência da Câmara de Deputados. A esquerda mais uma vez se colocou a reboque da direita golpista, decidindo ingressar no bloco de Rodrigo Maia (DEM), que congrega 11 partidos, entre eles, além dos representantes da direita golpista tradicional (DEM, PSDB e MDB), o próprio PSL, ex-partido de Bolsonaro e que abriga uma horda de bolsonaristas. Com esse bloco, que escolheu na tarde de ontem (23) o nome do presidente nacional do MDB, Baleia Rossi (SP) como candidato, pretende-se fazer frente ao candidato apoiado diretamente por Bolsonaro, Arthur Lira (PP).

O candidato do bloco de Maia ainda nem tinha sido definido, o que significa que a esquerda (PT e PCdoB) decidiu aderir ao bloco sem nem mesmo saber quem seria o nome que terá que votar. Não que o escolhido faria alguma diferença, mas isso mostra o nível de adaptação da esquerda à política dos golpistas.

 

Maia e seu bloco não são oposição a Bolsonaro

 

Um dos principais argumentos da esquerda para ingressar no bloco de Maia é um suposto fortalecimento de uma oposição a Bolsonaro. Assim, vendem o peixe podre de que Maia e seus aliados do DEM, do PSDB, do MDB, do PSL e outros seriam uma real oposição ao bolsonarismo.

De todos os argumentos falaciosos para a constituição desse bloco grotesco, talvez o argumento de que seria um bloco de oposição é o mais falso de todos.

Em primeiro lugar, é preciso lembrar que os principais responsáveis pelo golpe foram os partidos desse bloco. Em particular DEM, PSDB e MDB foram os que articularam a queda de Dilma junto com a imprensa golpista, que também agora procura se apresentar como democrática. Esses “democratas” mobilizaram uma escória fascista para criar um falso apoio popular ao golpe.

Ao colocar na rua a escória, os “democratas” que derrubaram Dilma fortaleceram também a extrema-direita e o bolsonarismo. Foram eles,  portanto, que criaram e fortaleceram a base de Bolsonaro.

Quando chegaram as eleições de 2018, sem apoio popular, perderam o controle da situação para elegerem seu candidato oficial e foram obrigados a apoiar diretamente Bolsonaro contra o PT.

Dizer, portanto, que essa direita golpista é a responsável por Bolsonaro não é nenhum exagero. Foi ela que apoiou e elegeu Bolsonaro e fará a mesma coisa caso o quadro se repita em 2022.

Em segundo lugar, Rodrigo Maia e seu bloco não apenas não levam adiante uma política de oposição a Bolsonaro como efetivamente dão sustentação ao governo.

Maia e sua trupe sentaram em cima de 56 processos de impeachment contra Bolsonaro, não encaminhando nenhum deles para votação. Em compensação, tudo o que era lei para atacar os direitos do povo, roubar a nação, colocar o povo na miséria, Rodrigo Maia levou adiante.

Além disso, os partidos de direita que integram o bloco, como DEM e setores do PP, têm cargos no próprio governo Bolsonaro, ou estão negociando a participação no mesmo como é o caso de Michel Temer (MDB), convidado para ocupar o Ministério das Relações Exteriores.

Se essa fosse mesmo uma oposição, Bolsonaro nem precisaria de aliados.

 

Trocar a luta contra o golpe por cargos administrativos

 

O real motivo da articulação com o bloco golpista não é o fortalecimento da oposição a Bolsonaro, como vimos. Não é nada mais do que parte das manobras para conquistar posições administrativas na burocracia da Câmara.

Alguns colunistas da esquerda e dirigentes do PT afirmaram abertamente isso, de que seria importante tais cargos para conseguir algumas posições para aprovar leis ou frear políticas do governo.

Além de falsa, essa ideia revela que a manobra não passa mesmo de uma disputa por cargos, nesse sentido, parece tratar de uma pressão vinda em particular da bancada do PT na Câmara.

A luta contra a golpe, as denúncias de todos os ataques que os golpistas estão desferindo contra o povo foram substituídas por cargos. Tais cargos, diferente do que está sendo dito por muitos, não representam nenhuma vantagem do ponto de vista da esquerda, do avanço da luta dos trabalhadores.

Pelo contrário, a unidade com os maiores inimigos do povo tem como único resultado prático a desmoralização política da esquerda, adaptada ao que há de mais podre no regime político.

 

Avanço da frente ampla contra Lula

 

A adesão ao bloco de Maia é um passo à frente na política dos defensores da frente ampla. Deixa claro, inclusive, que o objetivo central da frente ampla que está sendo articulada para 2022 é fazer a esquerda apoiar um candidato da direita golpista que se apresenta “contra Bolsonaro”.

Os setores da esquerda que se opõem à política da frente ampla devem criticar duramente a manobra na Câmara justamente porque fortalece a manobra ideal para a direita em 2022.

Essa manobra, conforme já explicamos, tem como objetivo isolar o PT e Lula, único que tem realmente base eleitoral capaz de derrotar Bolsonaro. Isolando Lula, impedindo-o de ser candidato, a direita quer direcionar boa parte de seu eleitorado para o apoio ao candidato direitista da frente ampla. Um estelionato eleitoral que só pode dar certo se a esquerda estiver envolvida na manobra, aí o grande segredo da participação da esquerda, desde que seja como simples coadjuvante no bloco.

A mesma manobra já foi experimentada nas eleições norte-americanas. A direita imperialista representada por Joe Biden arrastou setores da esquerda em nome de que Trump seria o “mal maior”.

Nas eleições municipais a direita conseguiu nas principais cidades o mesmo resultado. Obrigou a esquerda a apoiar candidatos da direita em nome do “mal menor”, o que fez toda a esquerda apoiar um candidato ultra direitista como Eduardo Paes, no Rio de Janeiro, apenas para citar o exemplo mais importante.

Enquanto a esquerda insistir em abrir mão de uma política independente, que coloque em xeque o regime golpista, que aponte para os trabalhadores e a população em geral um caminho que passe por fora das instituições golpistas cada vez mais podres, a direita irá crescer e na mesma proporção o bolsonarismo irá crescer, já que é justamente a direita golpista apresentada como “democrática” os maiores inimigos do povo e impulsionadores do bolsonarismo.

A saída é uma política independente que significa nenhuma aliança com nenhuma das alas da direita inimiga do povo, chamando a queda de Bolsonaro e de todos os golpistas, a restituição de todos os direitos políticos de Lula e a luta por sua candidatura em 2022. Ao contrário do que diz a esquerda oportunista defensora da frente ampla, a única chance de derrotar os golpistas, inclusive no âmbito das eleições, é Lula. Mas não se trata apenas da questão eleitoral, trata-se de uma política de enfrentamento com o regime golpista que não quer de modo nenhum a sua candidatura, e será necessária uma mobilização real em torno de sua candidatura, não de manobras institucionais.

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