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Intimidando as manifestações

Interdição da Bienal do Livro de Contagem

O evento foi interditado pelo corpo de bombeiros que, alegando insegurança, interrompeu as atividades programadas por volta das 10 horas da manhã.

Na última sexta feira (8) às 8 horas da manhã, teve início a III Bienal do Livro da Cidade de Contagem-MG. Algumas horas depois o evento foi interditado pelo corpo de bombeiros que, alegando insegurança, interrompeu as atividades programadas por volta das 10 horas da manhã. A interdição causou tumulto. Várias escolas da cidade haviam enviado ônibus com estudantes e foram obrigadas a voltar para a escola interrompendo palestras e atividades culturais, causando indignação dos participantes e repercutindo nas principais rádios e jornais da cidade. Imediatamente, a prefeitura enviou uma nota às escolas informando da interdição e do cancelamento dos ônibus agendados para o período da tarde. A organização do evento também emitiu uma nota publicada no Facebook na qual informava que uma semana e meia antes da data do evento a prefeitura solicitou informações como programação, fluxo de pessoas e estrutura. Três dias antes os bombeiros fizeram algumas exigências para autorizar a realização. Os organizadores fizeram alterações estruturais para atender as exigências do corpo de bombeiros, e a prefeitura, que tinha se comprometido a limpar o local, colocar banheiros químicos, guarda civil e ambulância, não tinha atendido as exigências do corpo de bombeiros naquela manhã.

A interdição não se justificava em hipótese alguma pelos argumentos apresentados pelos bombeiros, mas o comportamento da prefeitura leva a crer que havia no fundo uma intenção de boicote ao evento. Os Bombeiros alegaram perigo de incêndio e ausência de um plano de emergência para evacuação do local, sendo que tratava-se da maior praça da cidade, a Praça das Jabuticabas, um espaço completamente aberto de todos os lados, central e sempre movimentado, onde é comum a instalação de parques e circos. A lona estendida sobre a arena, que eles disseram ter risco de incêndio, foi instalada na praça em caráter permanente pela própria prefeitura da cidade, há mais de um ano. Os banheiros e a ambulância chegaram atrasados. No momento da vistoria, as 9 da manhã, apenas dois banheiros tinham sido instalados, sendo a exigência dos bombeiros 11 banheiros, mais 2 para portadores de necessidades especiais. A prefeitura alegou comunicação tardia do evento, mas os organizadores estavam construindo um projeto detalhado há mais de um ano e a cada convidado confirmado havia uma publicação na página do Facebook, sendo que em Fevereiro/2019 foi protocolada com a Secretaria de Esporte, Cultura e Juventude a data da Bienal. Há cerca de um mês a divulgação do evento tornou-se mais intensa pelas redes sociais e espaços públicos da cidade, mas a prefeitura só procurou os organizadores cerca de uma semana antes.

Acreditamos que o verdadeiro incômodo surgiu com relação a programação politizada e progressista da III Bienal do Livro de Contagem, que tocava em pontos polêmicos do debate público nacional. Dentre os convidados, 80% eram negros, trazendo a temática do racismo e a cultura afro-brasileira; 26 eram transexuais, travestis e transgênero e 20 Índios Pataxós fariam uma exposição de artesanato da sua tribo. Diante da repercussão negativa da interdição da Bienal, a Prefeitura correu para cumprir as exigências dos bombeiros e emitiu uma nota dizendo ter “orgulho” de sediar a Bienal do Livro e que estava dando total apoio ao evento. Às 16 horas da tarde os bombeiros voltaram atrás e permitiram a continuidade das atividades, porém o prejuízo já estava feito. Muitos convidados desistiram de participar, devido a insegurança alegada, principalmente grupos de teatro circense que demandavam uma estrutura. Dos 20 índios apenas 4 permaneceram. Muitas pessoas que foram informadas da interdição pela imprensa burguesa naquela manhã, não foram informadas da continuidade da Bienal mais tarde. Os organizadores e expositores tiveram prejuízo financeiro, pois algumas apresentações que tiveram ingressos vendidos antecipadamente foram canceladas ou convertidas em apresentações gratuitas.

Apesar de todo o contratempo, onde claramente a Corporação Militar do Corpo de Bombeiros foi usada para desarticular a III Bienal do Livro de Contagem – MG, o povo encheu a Praça das Jabuticabas nos 3 dias do fim-de-semana para acompanhar o que ainda restava das atrações, muitas de relevância nacional. Além da exposição de livros raros, como a obra completa do Pedagogo paraense Isaac Warden Lewis, os participantes elogiaram a palestra de Anielle Franco, que trouxe detalhes sobre as investigações do assassinato de sua irmã Marielle, Sérgio Pererê e bloco tambolelê mostrando a força do canto e dos tambores, Duda Salabert ativista transgênero, Conceição Evaristo escritora e pedagoga contagense, Míriam Leitão, que lançou um livro infantil sobre racismo e foi questionada sobre seu lugar de fala, Elza Soares, apresentações de grupos de congado e blocos de carnaval além dos Índios Pataxós imitando sons de pássaros. Resumindo a Bienal cumpriu o papel de promover um debate público politizado e abrir espaço para a Cultura Popular, exposição e venda de livros e arte independentes.

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