Na última quarta-feira, dia 03, o presidente dos Estados Unidos Joe Biden assinou a prorrogação por mais um ano da ordem executiva (iniciada em 2015 durante o governo Obama) que estabelece uma série de sanções contra a Venezuela.
As sanções visam desestabilizar o regime político no país caribenho e prejudicam muito a população local, retirando cerca de 30 bilhões de dólares do país por ano, o que impede o desenvolvimento da Venezuela e a compra de remédios e produtos tecnológicos, tão necessários em qualquer momento, mas ainda mais durante a pandemia vigente no mundo.
Isso se soma a conversas feitas entre o chefe da diplomacia norte-americana, Antony Blinken, com Juan Guaidó, que foram divulgadas na terça-feira, dia 02. Durante a reunião, Blinken garantiu a Guaidó que a Venezuela sofrerá com maior “pressão multilateral” durante o próximo período.
A gestão de Biden pretende, portanto, intensificar a política contra o país da América Latina para colocar em seu lugar um governo que entregue os recursos naturais que os venezuelanos tanto lutaram para nacionalizar, como a grande reserva de petróleo no país, nacionalizada por Hugo Chávez.
Junto a isso, reuniões que ocorreram na semana passada entre Washington D.C. e a oposição venezuelana na Colômbia, determinaram que haverá também uma nova estratégia internacional para que a Venezuela seja prejudicada e isso force a população local a tentar retirar Maduro do poder. A estratégia passa por acusações ambientais contra o chavismo, principalmente nas regiões do Essequibo (região em disputa entre a Venezuela e a Guiana) e o Arco Mineiro, local estabelecido como primordial para o desenvolvimento da Venezuela.
As reuniões também apontaram que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela poderá ser utilizado para a troca no poder, ou seja, o imperialismo pode tentar a derrubada de Maduro por meio de fraudes nas próximas eleições do país.
A história vêm mostrando que os órgãos que controlam as eleições em nosso continente são, em sua maioria, controlados pelo próprio imperialismo. É assim que no Brasil, no Equador, na Argentina e em outros países, aberrações como o impedimento de que Lula, Rafael Correa e Evo Morales se candidatassem nas últimas eleições, assim como o impedimento até de propagandas com seus nomes ocorressem.
A perseguição contra a Venezuela também pode vir através de um ataque armado. Para isso, a Colômbia criou recentemente um novo órgão de repressão, chamado de CONAT, que conta com cerca de 7 mil homens treinados pelos EUA para supostamente combater o narcotráfico, mas que têm como intuito o combate às guerrilhas do país e à própria Venezuela, como o próprio presidente da Colômbia, Ivan Duque, demonstrou ao apresentar a tropa de elite, acusando Maduro de financiar o narcotráfico colombiano.
Os EUA também estão promovendo uma excursão em seu país para apresentar Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores. Os encontros que o diplomata irá realizar tem como intuito a propaganda do governo Bolsonaro (não era Biden completamente contrário ao bolsonarismo, segundo a esquerda pequeno-burguesa?), mas também contam com assuntos referentes à Venezuela e uma provável participação do Brasil em uma futura invasão.
Por parte dos venezuelanos, a única solução é o fortalecimento de sua revolução bolivariana, através da ampliação dos já existentes coletivos, milícias populares de defesa dos venezuelanos, da distribuição de armas à população e da luta para a expropriação da burguesia venezuelana.
Já por parte dos brasileiros e dos demais latino-americanos, a única forma de ajudar a Venezuela contra o imperialismo é através de uma luta para dar fim aos processos de golpes de estado no continente. Somente acabando com os golpes, que foram todos arquitetados pelo imperialismo, com a deposição da direita golpista que tomou conta do continente, é que é possível garantir que nosso país irmão saia da trágica situação econômica em que vive e um futuro conflito com proporções trágicas enormes não ocorra.
A situação também demonstra como a política do “mal menor”, neste caso, a política de apoiar a ala mais forte do imperialismo (Joe Biden) sob a falsa bandeira de luta contra o fascismo de Trump, resultou em uma política mais favorável para que o imperialismo agisse contra países oprimidos, como temos visto nos últimos dias com o bombardeio na Síria e a pressão crescente dos EUA contra o Irã, a China, a Rússia e a Venezuela.
Para ficar por dentro do assunto, a Causa Operária TV (COTV) conta com inúmeros programas que abordam a questão do imperialismo e da Venezuela. No podcast O Mundo em Uma Hora desta semana, o assunto abordado foi justamente as reuniões do governo de Biden contra a Venezuela. O assunto também foi abordado no programa Correspondente Internacional e no Conexão América Latina. Confira: