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Imperialismo às claras

Biden mostra quem é que manda e tenta enquadrar Bolsonaro

Através do Senado, governo Biden dá o recado ao governo Bolsonaro e deixa clara a agressividade da nova etapa da política imperialista norte-americana.

Na última sexta-feira (12), o senador norte-americano, Robert Menendez, do partido Democrata enviou uma carta ao presidente ilegítimo Jair Bolsonaro, exigindo um alinhamento do governo brasileiro ao governo Biden, o que começaria a ser feito com uma condenação da invasão do Capitólio em 6 de janeiro por milhares de apoiadores do ex-presidente Donald Trump rejeitando categoricamente os atos o qual chamou de “terrorismo doméstico”.

Na carta o senador ameaça que, caso isso não ocorra, haverá “prejuízo para a relação bilateral”. Menendez também criticou os comentários de Bolsonaro e do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, sobre supostas fraudes nas eleições, afirmando que isso demonstra “apoio de seu governo a teorias da conspiração furadas e aos terroristas domésticos” que atacaram o Capitólio e ameaçam “minar a parceria entre os Estados Unidos e o Brasil”.

A carta foi enviada à embaixada brasileira em Washington apenas um dia após o chanceler brasileiro ter realizado a primeira conversa oficial, por telefone, com o governo Biden, com o secretário de Estado Anthony Blinken, a qual teria sido em tom apaziguador, inclusive teria convidado Bolsonaro a participar da reunião sobre mudanças climáticas que está sendo organizada por Biden que será realizada em abril.

As críticas do senador, que é presidente da comissão de Relações Exteriores da casa, foram mais duramente direcionadas a Ernesto Araújo, afirmando “o ministro Araújo está essencialmente priorizando a relação do governo brasileiro com uma facção radical do espectro político americano”, complementando “mostram como ele é desconectado da realidade atual nos Estados Unidos”.

Biden dá as cartas

O senador Bob Menendez, como é conhecido, é uma figura central da política externa norte-americana nos últimos 15 anos, estando na comissão de assuntos estrangeiros por quase todo esse período e sendo responsável por garantir o apoio necessário ao governo ou interferindo diretamente, como quando liderou outros 34 senadores para desaprovar a retirada das tropas norte-americanas da Síria e do Afeganistão em 2019 como cogitou Donald Trump, que recuou. As ações do senador são inúmeras na política externa, como o apoio aos protestos em Hong Kong contra o governo chinês em 2019, as críticas ao governo Chinês no tratamento das populações muçulmanas em Uyghur, críticas à ação das forças armadas turcas na Síria, interferência na Ucrânia, no confronto entre Armênia e Azerbaijão entre muitos outros.

Assim, primeiro fica claro que não se trata um mero parlamentar e sua carta para o governo Bolsonaro não é uma mera crítica ou opinião. O documento é na verdade um posicionamento do governo norte-americano que, dentro do jogo das relações diplomáticas e políticas, no momento, foi inicialmente feita por uma figura secundária, em relação ao presidente do país, mas que expressa claramente a intenção das forças dominantes do regime político dos Estados Unidos no momento.

O presidente dos EUA, Joe Biden já havia, desde antes de sua posse, deixado claro suas divergências com as posições de Bolsonaro. Durante o ano de 2020, muito dentro da campanha eleitoral, Biden criticou Bolsonaro por não dar importância à questão ambiental, ao se referir aos incêndios e desmatamentos na Amazônia e no Pantanal. Criticou também o alinhamento de Bolsonaro a Trump, afirmando que não teria certeza se atuaria com o governo brasileiro, por conta destas divergências supostamente ideológicas.

Senador Bob Menendez, Democratas.

Passado pouco mais de um mês de sua posse, Biden já tomou uma série de posições e medidas na política externa, todas no sentido de ampliar o papel da política imperialista norte-americana, como ele mesmo afirmou “levar os EUA à liderança novamente”. E é o que está sendo feito através deste documento do Senado do país ao governo brasileiro. Uma “proposta” de alinhamento e rebaixamento, ainda maior, ao imperialismo feito de forma diplomática, mas dura e por escrito, provavelmente para que seu conteúdo fosse “vazado” justamente para aumentar a pressão sobre o golpista Jair Bolsonaro e seu governo.

Política imperialista às claras

Fora a comemoração que algum esquerdista pequeno-burguês possa tentar fazer, pelo verdadeiro “enquadro” que Biden está dando em Bolsonaro, é preciso destacar que ações deste tipo, ainda que realizadas sob todo o rito burocrático e diplomático, é um movimento bastante violento no tratamento das relações de um país com outro.

O que pensaríamos, por exemplo, se ao invés do presidente do “império” norte-americano fosse o presidente da vizinha Venezuela, Nicolás Maduro, a enviar um documento formal ao governo brasileiro exigindo que este passasse a assumir determinada posição sobre um acontecimento, sobre outro país ou sobre uma pessoa? É óbvio que todos veriam com assombro e rapidamente reproduziriam o adjetivo dado pelo imperialismo a governantes que não seguem a sua cartilha, de ditador, e seriam exigidas retratações, haveria ameaças etc.

Mas como se trata do principal país imperialista do mundo, que controla os monopólios da imprensa burguesa internacional, que agride, violenta, assassina milhares todos os anos, que dá golpes de Estado em todo o mundo, isso é visto de outra forma. É claro que não é uma questão de opinião pública, mas do domínio que exerce o imperialismo, principalmente, o norte-americano para “formar” essa opinião a seu favor.

Prejuízos ao Brasil, não a Bolsonaro

Neste ponto é preciso deixar claro que a agressividade da política imperialista que dia a dia está se materializando no governo Biden, e tivemos a primeira amostra com esse documento, é a principal ferramenta na opressão dos povos da América Latina, da África, da Ásia e de todos os países que não são os próprios opressores.

Os ataques imperialistas que estão sendo destinados ao governo Bolsonaro não devem ser comemorados, pois eles terão como alvo não Bolsonaro e sua trupe de ladrões, mas sim o povo trabalhador brasileiro, através da destruição da economia nacional, do Estado brasileiro, do aumento da exploração da força de trabalho pelas multinacionais, pela privatização de empresas públicas, pela exploração dos recursos naturais do país.

Bolsonaro e todo o seu governo são meros funcionários, como ele próprio já afirmou diversas vezes, da burguesia internacional e foi colocado nessa posição para tocar uma política de ataque aos trabalhadores. Como ele não é político burguês padrão, há aspectos em que não há acordo com os setores majoritários da burguesia, por isso a todo o momento ele recebe pressões para alinhar suas ações e colocações à política dos tubarões capitalistas internacionais.

Finalmente, se esse alinhamento ocorrer completamente, a tendência é que os ataques ao povo aumentem substancialmente em intensidade, fato que pode aglutinar a burguesia nacional e a direita com o governo, tocando, por exemplo, toda aquela pauta de privatizações, de reformas, que visam essencialmente fazer a população trabalhadora brasileira pagar pelos custos da crise capitalista.

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