Há uma crise extraordinária dos partidos mais característicos do imperialismo: o pólo político representado por Joe Biden. Os quais estão sujeitos a serem varridos tanto pela mobilização popular quanto pela extrema-direita.
Nos Estados Unidos da América, a crise é real, o país está em chamas com a crise econômica, que retraiu pelo menos 7 pontos do PIB. Assim, ao contrário do fervor das últimas eleições norte-americanas com a derrota de Trump, a extrema-direita não deixou de crescer e trabalhar em cima da situação, mesmo fora do palco.
É uma situação limite, e a política utilizada pelo novo presidente é de contenção da crise. Para tanto, para resgatar a economia, o próprio mercado financeiro deu aval na abertura dos cofres públicos para Biden, uma política emergencial para salvar os capitalistas norte-americanos.
Muito longe de um abandono do neoliberalismo por parte de Biden, como alguns setores da esquerda estão dizendo, esta não passa de uma política de “apagar incêndios” até que o trem retorne aos trilhos e faça novamente a roda da economia girar.
É o retorno aos anos 30, a maior convulsão social que o mundo já viu, após a quebra da Bolsa de Valores em 1929. Um momento em que o descontrole da inflação criado pelo próprio bloco imperialista pode gerar uma série de crises como, principalmente, a mobilização dos trabalhadores pelo reajuste salarial, além do estouro da bolha financeira existente há muitos anos.
Não se trata do “fim do mundo” marcado pela soma da crise com a pandemia do novo coronavírus, mas da crise clara do capitalismo, em que hoje para lucrar não basta criar “inovações” no mercado, como as vacinas para o vírus, mas escalar pilhas de cadáveres que já somam quase 7 milhões de mortos no mundo ao não quebrar as patentes das vacinas.
Uma situação catastrófica em que boa parte do mundo não pode produzir a vacina, inclusive a Índia, o 3º pior cenário de infecção do mundo e um dos maiores produtores de vacina do planeta, que, junto com a África do Sul, já haviam proposto em 2020, a quebra das patentes através da OMC.
No entanto, para os países imperialistas, a situação é oposta. Nos EUA, por exemplo, já são mais de 230 milhões de doses aplicadas, com um total de 34% de sua população já totalmente imunizada (incluindo primeira e segunda dose). Na Inglaterra, são 25,8%. É perceptível a diferença com relação aos países pobres.
Nesse turbilhão de acontecimentos, Joe Biden, o “senhor da guerra” durante o governo Obama, infelizmente apelidado até por parte da esquerda como espécie de “salvador” do mundo, se posicionou favorável à quebra das patentes após o fato da China anunciar a possibilidade de entregar a fórmula da vacina para outros países.
Novamente, não se trata da boa vontade do imperialismo norte-americano, mas da pressão dos povos e do boicote contra a operação criminosa executada pelos monopólios farmacêuticos, principalmente dos EUA, no caso da Pfizer. A quebra, assim, vem somente no sentido de manter um certo controle da situação, para retornar aos lucros posteriormente.
DA esquerda deve rejeitar qualquer aproximação de Biden e impulsionar essa quebra num caráter imediato, a fim de que se possa produzir a vacina em todos os lugares e para que toda a população mundial seja imunizada. Apenas a mobilização da classe operária e do povo irá pôr fim ao verdadeiro apartheid que se instaurou com a questão das vacinas.
Além disso, é preciso colocar nas mãos da classe operária a produção das vacinas e a sua distribuição para a população. Pelo caso brasileiro, já dá para se ter uma noção de que não há nenhum interesse da parte do governo em gastar com uma vacinação massiva do povo. Nesse sentido, a mobilização deverá acontecer para que sejam defendidos os interesses da população que não quer mais morrer pela Covid-19.