O governo de Joe Biden anunciou, no dia 7 de maio, que pretende fazer parte de um acordo global para “combater o extremismo violento na internet”.
Jen Psaki, porta-voz do governo democrata, disse que os Estados Unidos vão fazer parte do Chamado a Agir da Christchurch, um compromisso político que leva o nome de uma cidade da Nova Zelândia, para o combate ao extremismo e terrorismo nos meios digitais.
A administração Donald Trump se recusou, em 2019, a fazer parte do acordo com a alegação de que se tratava de violação da liberdade de expressão na internet. Na época, os EUA foram convidados pela primeira-ministra neozelandesa, Jacinda Ardern, e pelo presidente francês Emmanuel Macron.
A adesão dos Estados Unidos ao acordo significa que haverá uma escalada repressiva na internet e iniciativas governamentais no sentido de suprimir as liberdades de pensamento e expressão. As afirmações sobre “terrorismo” e “extremismo” são pretextos para enganar a população no sentido de que se tratam de ameaças à segurança nacional. Cabe a consideração de que esta foi sempre uma justificativa apresentada para cassação de direitos e instauração de um Estado policial.
Na verdade, a burguesia imperialista americana, que tem em Joe Biden seu representante genuíno, quer montar uma ofensiva contra seus adversários políticos nos planos interno e externo. A censura contra o ex-presidente Donald Trump foi parte dessa ofensiva. Seus adeptos devem ser neutralizados e impedidos de expressar seus pontos de vista na internet.
O problema dos trumpistas, segundo a visão da burguesia, é que estes são potenciais desestabilizadores do regime político. O episódio da invasão do Capitólio em Washington foi pintado como uma tentativa de golpe de Estado fascista, embora na verdade tenha sido um protesto contra o que os trumpistas consideram como fraude eleitoral. A burguesia de conjunto repudiou o episódio que desestabilizou o regime político.
As contas nas redes sociais Twitter e Facebook de adversários dos Estados Unidos no plano internacional também foram bloqueadas e censuradas. Exemplos são Nicolás Maduro, presidente da Venezuela, e Ali Khamenei, aiatolá e líder iraniano.
A censura disfarçada de “combate ao terrorismo e extremismo” recairá, logicamente, contra a esquerda. Os militantes do movimento negro armado serão considerados como “extremistas” pelas plataformas e agências de segurança.
A crise do regime político imperialista é o pano de fundo da ofensiva contra a liberdade de expressão. A instabilidade política permanente, resultado da crise econômica mundial, é um problema que a burguesia tem de lidar, apesar das muitas dificuldades.
O principal inimigo são os movimentos de esquerda. Particularmente nos Estados Unidos, o movimento negro é um fator altamente explosivo. O assassinato de pessoas negras por parte do aparelho de repressão estatal levou a movimentos de tipo insurrecional por todo o País. Enfrentamentos violentos aconteceram nas principais cidades. Este é um perigo permanente.
Os “extremistas” são todos aqueles que, de alguma forma, contestam o regime político democrático-imperialista nos EUA e no mundo. É preciso considerar que qualquer tipo de restrição de direitos, mesmo que estas restrições se apresentem como “democráticas”, recairá sobre os oprimidos e suas organizações de luta.
A esquerda e as organizações democráticas devem denunciar e repudiar a censura na internet. Esta é uma arma da burguesia contra o povo. O setor fundamental da burguesia, bancos, complexo industrial-militar, empresas petrolíferas querem preservar o seu regime político, que atende a seus próprios interesses.