O recente bombardeio realizado pela aviação americana (ocorrido em 26 de fevereiro) sobre território sírio teve como pretexto o combate ao “ terrorismo”. Terá sido uma resposta ao ataque com foguetes que atingiu a zona verde de Bagdá, onde fica a embaixada dos EUA, e também a outro ataque contra a base americana no aeroporto de Arbil. Porém, Richard Black, ex-membro republicano do Senado, afirma ser até improvável que as lideranças americanas conheçam os verdadeiros autores daqueles ataques com foguetes.
O problema é que os aviões imperialistas alvejaram posições das Forças de Mobilização Popular, PMU na sigla em inglês. Os ataques aéreos de 26 de fevereiro visaram destruir instalações supostamente operadas pelos grupos Hezbollah e Kataib Sayyid al-Shuhada, que fazem parte das PMU, responsáveis pela luta contra o Daesh na região. Ocorre que as milícias iraquianas e o Hezbolah, têm sido eficazes na luta contra o Daesh ao longo da fronteira sírio-iraquiana, sendo portanto uma força antiterrorista. Mas o governo Biden acusa o PMU de agir sob ordens de Teerã. É uma política que sempre assume que são as forças iraquianas antiterroristas a dispararem os foguetes. O Daesh dispara os foguetes, os americanos culpam as milícias iraquianas e atacam suas instalações, dando um presente para os verdadeiros terroristas.
Daesh, ISIS, Estado Islâmico são apenas nomes diversos para uma organização que vem sendo sub-repticiamente apoiada pelo Imperialismo e seus satélites (Israel e as petro-monarquias da região) para tentar solapar e destruir regimes nacionalistas que têm atrapalhado os interesses do Império.
O ex-senador Black denuncia que os ataques de 26 de fevereiro violaram a soberania síria e são um claro desrespeito ao direito internacional. Além disso, acrescentamos, foi um ataque que atingiu o Hezbolah, um partido de esquerda libanês, que teve uma atuação decisiva na guerra de libertação do Líbano contra a agressão israelense.
O imperialismo tem sido sistematicamente derrotado nessas tentativas de recuperar sua influência naquela região, desde seu fracasso em estabelecer algum regime títere no Iraque até seu fracasso em derrubar “por procuração” o governo de Bashar al Assad na Síria. Agora, persegue seus objetivos instrumentalizando o terrorismo fundamentalista islâmico. Mas que finge combater para não ficar “mau na foto”.
O ex-senador sabe que a atuação militar norte-americana na região é que vem sendo a real causa da recorrente ação de grupos terroristas e afirma que se Joe Biden quisesse realmente parar aquelas guerras ele mandaria retirar as forças militares estadounidenses. Porém disse não esperar que isso aconteça.