Em matéria para o sítio The Intercept, Etiene Martins, ex-gerente de Prevenção à Violência e Criminalidade Juvenil em Belo Horizonte, conta como o racismo institucional existe e é cruel com quem é negro e tenta combatê-lo, mostrando que, muitas vezes, as pessoas nem se dão ao trabalho de praticarem um racismo velado. Em 2017, Etiene foi nomeada ao cargo de gerente descrito acima, onde sua principal atribuição era coordenar o programa de prevenção à morte de jovens e adolescentes que, em sua maioria, em negros e pobres.
Como em todo âmbito da sociedade capitalista, Etiene teve que engolir à seco diversas falas racistas que escutava durante o período de trabalho, o que tornava tudo mais difícil, tendo em vista que ela mesma, além de ser negra, havia sido criada na periferia, onde enterrou amigos negros que morreram na mão do Estado. Os ânimos esquentaram quando ela ouviu de um guarda municipal que “preto bom é preto morto”.
Esse não é um discurso exatamente surpreendente vindo de um agente do Estado, afinal, o papel dele é justamente esse, perpetuar de forma ostensiva os desejos do Estado burguês, oprimindo e aviltando a população negra e pobre. Etiene, de pronto, acionou a corregedoria que, após 6 meses, concluiu que a fala do guarda não configuravam dolo, ou seja, quando não há intenção de cometer um crime e que era apenas uma fala inapropriada para o local de trabalho. Tudo parecia uma chacota com as denúncias dela.
Essa é a resposta do Estado quando você precisa dele, a justiça burguesa é absolutamente inútil quando se trata daqueles que sustentam o capitalismo, a classe trabalhadora. Etiene foi orientada a não levar o caso adiante, que não o publicizasse, contudo, ela seguiu em frente e, após receber um e-mail da chefe dela dizendo “depois da sua argumentação de hoje, você me fez constatar que para representar a SMSP é necessário um gerente branco como o Sebastião e lugar de negra é limpando o chão”, fez outra denúncia. Por fim, Etiene foi exonerada do cargo pelo prefeito da cidade.
Sem qualquer tipo de argumento, a direita atropelou Etiene e seu trabalho e projetos de combate ao racismo. A direita golpista que atua em Minas Gerais e em Belo Horizonte segue a linha bolsonarista de fazer as coisas, que é a pior possível sempre. Esse caso é um claro exemplo da ofensiva do governo dos golpistas no sentido de desmantelar todos os órgãos institucionais que possibilitem alguma assistência ao povo negro.
Infelizmente, o povo negro não pode contar com o Estado para terem alguma segurança, pois esse é o principal perpetuador de racismo, é dele que a polícia tem carta branca para matar preto e pobre, pois, no capitalismo, tudo é baseado na luta de classes. É necessário e urgente que o povo negro se organize em comitês de autodefesa, se mobilizem contra os ataques dos direitistas e expulsem os racistas na mesma moeda.