Estamos em ano de eleição presidencial nos Estados Unidos da América, mais uma vez o povo se defronta com a ameaça de uma vitória da extrema-direita, com uma possível reeleição de Trump. A crescente polarização faz com que, do outro lado, o candidato mais à esquerda da oposição, Bernie Sanders, pelo Partido Democrata, lidere as prévias dentro do partido.
Sanders foi um dos principais nomes na eleição passada, sua disputa contra Hilary foi acirrada, e não fosse o sistema eleitoral antidemocrático, criado para favorecer os candidatos da burguesia em casos como esse, teria ganhado. A matriarca dos democratas venceu pois obteve os votos dos superdelegados.
Desta vez, Bernie Sanders vem ainda mais forte. Sua disparada dentro do partido deixou-o com 39 porcento; gritantes 18 pontos à frente do segundo candidato, Elizabeth Warren, e quase 30 pontos de distância de Pete Buttigieg e Joe Biden, esse último foi o vice de Obama, e era um dos principais nomes propagandeado pela burguesia como alternativa à Trump.
O crescimento de Sanders é um dos sintomas da crise do Partido Democrata, que vem enfrentando um enorme crescimento de sua ala mais à esquerda. Ao passo que o sistema eleitoral americano restringe a corrida eleitoral a dois partidos da alta burguesia, Republicano e Democrata, o mais progressista dentre eles, acaba sofrendo com a polarização política e vê sua ala esquerda crescendo do mesmo modo que a extrema-direita cresce dentro do Partido Republicano.
Diante esse panorama péssimo para os cacifes do partido e os adversários republicanos, a estratégia tem sido uma enorme campanha midiática contra Bernie, não diretamente contra suas pautas populares, mais contra a possibilidade de que este vença face a Trump. Temos aí uma tática muito parecida com a usada contra o candidato petista, Fernando Haddad, na última eleição presidencial no Brasil, onde enfraqueceram o candidato mais a esquerda alegando a impossibilidade deste vencer contra a extrema-direita no segundo turno, enquanto puxavam a sardinha para um candidato mais alinhado e dependente da direita tradicional, neste caso Ciro Gomes, que na verdade, como foi comprovado, sequer tinha chance de chegar ao segundo turno. Porém, ao contrário da eleição brasileira, a corrida é entre dois candidatos do mesmo partido para ver quem disputará as eleições. Como será possível um outro candidato do Partido Democrata ter mais popularidade contra Trump sem tê-la dentro do próprio partido?