Mais uma vez a direita agiu para tentar barrar a candidatura de Bernie Sanders para a disputa da presidência dos Estados Unido. Durante a chamada “Super Terça”, em que 14 estados norte-americanos votam durante as prévias do Partido Democrata, a maioria dos principais candidatos abdicou de concorrer às eleições em prol de eleger Joe Biden, demonstrando como o Partido Democrata (que não é nem um pouco democrata) está tentando barrar de todas as maneiras a candidatura de Bernie Sanders.
Ainda assim, mesmo com a manobra contra Sanders por parte da direita do partido, a disputa foi acirrada, pois apesar de Biden ter ganho em 10 estados, frente a 4 de Sanders, o candidato à esquerda do regime político foi o grande vencedor no estado da Califórnia, que conta com o maior número de delegados. A diferença de delegados está entre 65 e 80, número muito pequeno e que demonstra a polarização das eleições, mesmo com Biden tendo toda a direita e a direção do Partido a seu favor.
É importante salientar que o Partido Democrata é um partido imperialista dos milionários norte-americanos, prova disso é a campanha de Bloomberg, magnata que investiu 500 milhões de dólares em sua própria eleição, mas que abdicou para apoiar Biden.
Joe Biden é um representante da ala direita do partido, com uma política neoliberal e imperialista. Apesar das ilusões que parte da esquerda tem com o Partido Democrata, a política de guerras nos últimos anos foi amplamente intensificada pelo governo Obama, sendo pior do que o próprio governo Trump. Biden poderia seguir a mesma linha de Obama, do qual foi vice presidente.
O caso Obama é também especial por conta de que parte da esquerda, incluindo a esquerda pequeno burguesa brasileira, acredita que ele seja parte da esquerda, quando, na verdade, Obama utilizou de sua popularidade com movimentos negros para os levar para o lado de Biden e impedir uma candidatura de esquerda no partido.
Outro setor que desperta a atenção da esquerda pequeno burguesa é o relacionado à candidatura de Elizabeth Warren, que serviu como uma espécie de Ciro Gomes para dividir os votos de Sanders até aqui. Após as eleições da Super Terça, Warren abdicou da disputa mas não informou se irá ou não apoiar Sanders, bem ao estilo do coronel da família Gomes que fugiu do Brasil no final das últimas eleições.
A polarização nessas eleições demonstra o nível da luta de classes que se tem no país mais rico do mundo. Sanders, portanto, acaba por ser um sintoma da luta que vem sendo travada e da crise do regime político no país. Ao contrário de todos os outros candidatos do Partido Democrata, Sanders fez sua campanha com a ajuda de militantes, que recolheram dinheiro batendo de porta em porta e realizando ações com esse objetivo, chegando a um resultado tão grande, que talvez o próprio Sanders seja o candidato com mais recursos para essas eleições.
Pesa contra Sanders o fato de ele ainda não ter o respaldo do movimento operário e do movimento negro como tinha Corbyn no Reino Unido. No entanto, ele possui uma parcela muito grande do apoio da juventude e de imigrantes latinos no país.
As prévias terminarão em junho, quando se conhecerá o candidato que disputará as eleições contra Donald Trump.
Quer saber mais sobre o assunto? Assista à Análise Internacional da Causa Operária TV, com o companheiro Rui Costa Pimenta, presidente do PCO.