Uma base aérea da coalisão liderada pelos Estados Unidos que ocupa o Iraque foi alvo, na manhã da última quarta-feira, de um ataque de mísseis. A instalação militar situada na província de Anbar no oeste do país foi atingida por pelo menos 10 mísseis. Nada foi noticiado acerca de possíveis baixas.
A presente ação ocorre duas semanas após um ataque de foguetes no norte do país às forças lideradas pelos Estados Unidos e que resultou na morte de um funcionário civil terceirizado e em ferimentos em outros, inclusive militares. Em janeiro de 2020 esta mesma base foi atacada por mísseis lançados por forças iranianas em resposta ao assassinato pelas forças estadunidenses do general iraniano Qassem Soleimani.
Dois dias após o assassinato do militar iraniano no aeroporto de Bagdá, quando também foi morto um militar iraquiano, Abu Mahdi al-Muhandis, o parlamento iraquiano, em sessão extraordinária, votou uma resolução pedindo a retirada das tropas estadunidenses do país. Estas àquela altura somavam o número de cinco mil, a maioria em funções de assessoramento.
Na ocasião, em manifestações de centenas de milhares, pessoas carregavam cartazes exigindo a imediata retirada dos “terroristas estadunidenses” do seu país. Desde então diversas facções políticas iraquianas se uniram na demanda de que as tropas estadunidenses sejam expulsas do país.
O pedido formal do parlamento iraquiano que se deu durante o governo de Donald Trump não encontrou eco nas autoridades estadunidenses. Menos de uma semana após as manifestações, os Estados Unidos anunciaram planos para a construção de três novas bases militares, todas elas próximas à fronteira com o Irã.
No momento sob a égide do governo de Joseph Biden não há como se esperar algum recuo na ocupação estadunidense no Iraque. Cabe lembrar que o atual presidente dos Estados Unidos era senador em 2002 e como influente presidente do comitê de relações exteriores do senado, advogou fortemente pela aprovação da resolução que autorizou o Presidente George W. Bush a invadir o Iraque sob os farsescos pretextos de que as autoridades daquele país possuíam armas de destruição em massa e de que elas apoiavam o grupo terrorista Al-Qaeda.
Calcula-se que as sanções impostas nos anos 90 ao Iraque levaram à morte de mais de um milhão de pessoas, inclusive 500 mil crianças. Estima-se que desde 2003, 2,4 milhões de pessoas morreram na guerra movida pelos Estados Unidos no Iraque. Uma das consequências foi a proliferação de grupos terroristas o que gerou conflitos adicionais.
Desde o fim da guerra fria a política estadunidense tem sido de guerra permanente. Assim, não está no horizonte a resolução do conflito no Iraque nem dos inúmeros conflitos ao redor do mundo nos quais os Estados Unidos estão envolvidos. A guerra é uma necessidade para manter vivo um sistema em deterioração.