Paulo Guedes anunciou, nessa quarta-feira (7), a possibilidade de fusão entre o Banco do Brasil e o Bank of America com sua efetivação como Ministro da Justiça do governo de Jair Bolsonaro. Essa é uma medida de entrega de um aparato central da manutenção da soberania nacional, ou seja, uma político pró-imperialista . É preciso lutar contra a medida anunciada e seus desdobramentos lutando contra o golpe e contra o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro.
“O Brasil tem 1 problema crônico de falta de crédito. Guedes acredita que uma das razões principais seria o fato de os bancos públicos ficarem com uma imensa carteira e responsáveis por fornecer dinheiro mais barato para alguns setores da economia. Com a abertura do mercado e mais competição –como numa possível fusão do Banco do Brasil com o Banco of America– essa idiossincrasia do mercado bancário brasileiro começaria a ser matizada” disse, cinicamente, o aspirante a Ministro da Economia de Jair Bolsonaro.
Com a fusão, a tendência real é sistemática incorporação dos setores do Banco do Brasil (BB) pelo Bank of America (BAC). Primeiramente porque a “livre concorrência” não existe hoje, morta com a crise de 1929. Desde então, a tendencia do capitalismo é a formação dos gigantescos monopólios internacionais controlados por algumas poucas famílias. Como a “livre concorrência” depende de uma grande diversidade de empresas do mesmo setor com tamanho e poder semelhantes, é possível afirma-la como algo em quase total extinção. No caso dos bancos, principalmente, a estrutura de monopólios impera completamente.
Nesse sentido, para se ter magnitude do absurdo da afirmação de Paulo Guedes, o BAC é o 9° maior banco mundial com 2281,23 bilhões de dólares em ativos. Já o BB é o 71° maior banco do mundo, com apenas 413,147 bilhões de dólares em ativos. Também é do EUA o 6° maior banco mundial, o JPMorgan Chase & Co. (JPM), com 2533,60 bilhões de dólares em ativos. Dessa forma, o BB não teria chance alguma no mercado norte-americano. No Brasil, pelo contrário, o BAC absorveria completamente o mercado com facilidade, sufocando o BB até ele ser totalmente destruído. Essa é a resolução dada por Guedes para a “falta de crédito” no Brasil – entregar os recursos do povo brasileiro para passarem a render juros para os grandes especuladores internacionais.
Os juros do BAC, diferentemente dos de um banco estatal, servem apenas aos interesses de seus especuladores. Com a privatização do BB decorrente dessa política de ataque frontal, portanto, a função histórica do banco brasileiro criado no século XIX por D. João VI, a função de “impulsionar a economia nacional” seria esmagada. Sem um banco nacional para investir em seus próprios projetos de Nação, a soberania brasileira praticamente deixaria de existir, significando uma recolonização do país.
Com o sério repúdio dos brasileiros contra a medida, Guedes recuou e disse que a “fusão do BB é coisa para o futuro e foi mal-interpretada”. Contudo, o plano B já está se encaminhando. Segundo o jornal “Poder 360”, “o primeiro item a ser colocado à disposição da iniciativa privada deve ser a área de ‘asset management'”. Traduzindo o jargão em inglês, o primeiro alvo da privatização é exatamente o setor responsável pela gestão dos ativos, do capital do Banco. Ou seja, de qualquer forma, o centro vital do BB está seriamente ameaçado pelo governo golpista, mostrando sua convicção em entregar completamente o país ao imperialismo.