Conforme dados do relatório recente do FMI, os sistemas financeiros mundiais receberam mais que US$ 6 trilhões em recursos para fazer frente à pandemia.
Por outro lado, os sistemas de saúde nos diversos países já vinham sendo sucateados em consequência da crise econômica. E com a chegada do covid-19, que aprofundou a crise, e aí trataram com descaso a necessidade de providenciar leitos, testes, respiradores, uti’s e pessoal em número adequado para enfrentar a situação que estava se desenhando.
Não prepararam as indústrias para a produção em maior escala de equipamentos, estocagem de remédios, preparação da logística para entregas prioritárias, sendo que sabiam que seria necessário colocar a população em quarentena.
Consideremos que desde o início da pandemia na China e Irã até chegar a irradiação mundo afora passaram-se mais de um mês. Isso é tempo precioso para se preparar e evitar o maior número de mortes possível. E esse tempo não foi aproveitado,
O que se tem observado em escala mundial é que são adotadas políticas de demissão em massa, corte ou redução de salários, colocar os empregados de férias ou licenças mas sem remuneração ou com perdas. Muitos são obrigados a trabalhar mesmo sem EPI’s, colocando suas vidas e de seus familiares em perigo de contaminação. E isso mesmo que não sejam trabalhadores de atividades “verdadeiramente” essenciais.
Não se adotou políticas de cuidados dos que estão em pior situação, como desempregados, moradores de rua, os que moram em cortiços e favelas, catadores de recicláveis, etc. que com o confinamento ficarão ainda em pior situação, sem as minguadas rendas.
As poucas políticas de transferência de renda para o povo e os trabalhadores, quando acontecem, é com inúmeras burocracias, que mais impedem do que fornecem amparo para eles, além de que os valores são risíveis, mal dá para uma feira e tem que sustentar quatro ou mais pessoas da família.
Observamos que tanto no Brasil como ao redor do mundo as políticas de combate a pandemia segue mais ou menos o mesmo padrão, muito para os bancos e pouco ou quase nada para a população trabalhadora e os pobres.
Uma política assim revela que não é simplesmente uma política local, revela sim que é uma estratégia das elites poderosas que controlam exatamente tudo, visando seus interesses pessoais. E não se incomodam em nada se o povo irá sofrer, adoecer, ou morrer às dezenas de milhares. Incluídos aí as crianças, idosos e os incapazes.
Essa elite age através dos estados nacionais, compostos pelo executivo, o legislativo e o judiciário, com apoio enorme da mídia oficial, todos em conjunto para defender os interesses do capital, em detrimento dos trabalhadores.
Numa situação como essa, de crise econômica e de saúde, esses estados nacionais revelam toda sua natureza, sem os falsos pudores e reservas, que em tempos de paz ficam escamoteados em discursos e propagandas falsas para enganar os incautos e também as esquerdas despreparadas para a vida política.
Temos assim um quadro alarmante, onde os bancos recebem trilhões em ajuda para enfrentar a crise e num estalar de dedos, mesmo sendo o setor mais lucrativo na economia. Enquanto que a esmagadora maioria da classe trabalhadora, é obrigada a viver na penúria, sem recursos nem ajudas dos estados nacionais. Tem que viver, ou melhor, sobreviver por conta e risco próprios, num horizonte onde as perspectivas são de recessão, mais desemprego, mais fome e misérias e ainda essa pandemia que não tem data certa para acabar.
E para ajudar, os movimentos sociais, partidos políticos e sindicatos que historicamente defendem ou deveriam defender os interesses dos trabalhadores, não se manifestam contra essas políticas de devastação da renda do trabalho, e aumento significativo da renda dos lucros e juros. A concentração da renda nas crises é enormemente potencializada, aumentando a pobreza e miséria dos trabalhadores.