Da redação – A diretoria do sindicato dos bancários da Bahia finalizou no último dia 15/05 o processo de votação para definir a diretoria dos próximos 3 anos de forma virtual, sem a participação de grande parte da categoria, em meio a uma grave crise sanitária por conta da pandemia do coronavírus.
A “eleição” foi tocada pela atual gestão demonstrando uma falta de sensibilidade com as dificuldades enfrentadas pela categoria a qual boa parte dos trabalhadores está preocupada simplesmente com a sua sobrevivência diante do fato de estarem sendo obrigados a trabalhar sem nenhuma segurança nas agências, sem equipamentos de proteção, sem medidas reais de que impeçam a contaminação – como redução de jornada de trabalho, fechamento do atendimento presencial, direcionamento do atendimento para caixas eletrônicos e internet, realização de testes, garantia de atendimento médico etc.
A decisão da atual diretoria é antidemocrática, pois toda campanha eleitoral deve permitir todo um debate com os trabalhadores com os candidatos, ainda que haja somente uma chapa, pois os trabalhadores precisam conhecer as propostas e efetivamente ter subsídio para decidir se querem votar ou não naqueles candidatos. A realização do processo também é oportunista, pois ao invés de entender que não é momento adequado que permita uma ampla campanha e, principalmente, um amplo debate com a categoria, visa atropelar o processo eleitoral e garantir rapidamente mais uma gestão para o grupo que aí está.
As eleições em meio virtual, ao contrário do que a direção propagandeia, aumenta o caráter antidemocrático, intransigente e, principalmente, suprime o processo eleitoral, que exige um trabalho real nas agências, postos de trabalho, de apresentar candidatos e suas propostas e debatê-las, o que de fato não ocorreu, nem em meio virtual.
Outro aspecto importante que demonstra o atropelo do processo é o número de participantes. Segundo o próprio sindicato, votaram cerca de 3.516 trabalhadores. Considerando tratar-se do Sindicato que representa boa parte da categoria do Estado, que tem na sua base cerca de 10 mil bancários, realizar uma atividade com este número demonstra exatamente o distanciamento da direção da base da categoria. O número de trabalhadores também deve ser a referência e não somente os sindicalizados, pois a falta de engajamento dos trabalhadores é reflexo da falta de trabalho de base, de politização e efetividade no atendimento às demandas da categoria por anos à fio.
É preciso deixar claro que para fortalecer o sindicato como instrumento real de luta unificada dos trabalhadores é necessário vencer os bloqueios da burocracia sindical que paralisa o sindicato e a categoria, para retomar o trabalho de estar junto à categoria, de fato, estar presente dia a dia nos locais de trabalho, debatendo, conhecendo e coletando as demandas e denúncias dos trabalhadores, abrindo a sede do sindicato à categoria, realizando atividades que politizem e conduzam à organização da categoria e, principalmente, levando um programa de luta que unifique a categoria e os trabalhadores contra os ataques dos banqueiros, do governo Bolsonaro, da direita.
Neste sentido, os espaços virtuais têm o seu papel de levar parte das informações, mas ele não pode ser utilizado de maneira indiscriminada e acabar com a atividade real de estar “ombro a ombro” com a categoria.