A prisão nesta manha de quinta-feira, 21, do ex-presidente golpista Michel Temer e o ex-ministro, também golpista, Moreira Franco é uma expressão do embate e da profundidade da crise que há entre os dois setores do bloco golpista, a burguesia pró-imperialista e a burguesia nacional.
A Operação Lava Jato é uma operação criminosa, uma verdadeira máfia. Nas últimas semanas, setores ligados à burguesia nacional, aproveitando-se da instabilidade do governo Bolsonaro, partiram para a ofensiva contra a Lava Jato. Este embate ficou expresso, por exemplo, na posição do STF, mais especificamente de Gilmar Mendes contra a tentativa dos procuradores da Lava Jato de criar um Fundo Privado para roubar um valor bilionário desviado da Petrobras, de R$ 2,5 bilhões. O Fundo da Lava Jato estaria ligado também ao próprio departamento de estado norte-americano, o que revela o caráter profundamente pró-imperialista desta Operação.
As ligações dos procuradores, bem como dos juízes, como Sérgio Moro, com os EUA são escancaradas. Vale lembrar que dois dias antes da prisão arbitrária de Temer, Moro e Bolsonaro fizeram uma visita à CIA, Agência de Inteligência Norte-Americana. As ligações da Lava-Jato com organismos de espionagem de outros países já é em si um ataque a soberania nacional. Vale ressaltar também o caráter de extrema-direita da Operação golpista, a presença de Moro no governo Bolsonaro deixa claro este fato.
Neste sentido, a prisão de Temer é parte deste embate interno entre os setores golpistas, consiste em uma tentativa de demonstração de força da ala mais ligada ao imperialismo após um conjunto de derrotas da Operação Lava-jato, após um contínuo processo desmoralização.
As consequênciaS desse conflito já foram sentidas de maneira imediata. A Ibovespa apresentou uma queda de 2%, e o dólar subiu, chegando ao patamar de R$3,82. Os efeitos também poderão ser sentidos no interior do Congresso, no que diz respeito a aprovação de propostas fundamentais para o imperialismo, como é o caso da “reforma” da previdência. A prisão de Temer, um dos principais representantes do chamado “centrão” no Congresso, ou seja, um setor que sofre forte influência do MDB, partido dominante no Legislativo pode fazer com que a “reforma” fique estagnada e nem se quer seja discutida nesse semestre. Os analistas políticos ligados a burguesia já dão conta que o projeto somente deverá ser posto em votação após o recesso do meio do ano, em julho.
O imperialismo mira, portanto, nos setores da burguesia nacional. A bancada que foi sendo articulada pelo ex-deputado Eduardo Cunha, e que foi decisiva para a aprovação do impeachment da presidenta Dilma. É uma investida do imperialismo contra este setores na tentativa de minar uma certa resistência que eles impõe a política dos bancos e dos monopólios internacionais.
Este impasse pode se tornar algo desastroso para o imperialismo, que conta com a imediata aprovação da “reforma”. A intensificação do conflito interno entre os golpistas pode aprofundar ainda mais a crise já muito grande de todo o regime político. É hora dos movimentos populares e suas organizações tomarem a dianteira, aproveitar da crescente crise das classes dominantes e colocar em marcha uma luta decidida nas ruas contra todo o regime político. É preciso ocupar as ruas e levantar a palavra de ordem de Fora Bolsonaro e todos os golpistas!