O Brasil vive, novamente, um período de apagões. Em várias regiões do País a população é martirizada com algo que não acontecia de forma tão exponencial desde os períodos de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB. Dessa vez, quem ficou no escuro foi a população de Teresina, capital do Piauí, um dos estados mais pobres da federação. O apagão perdura desde o dia 31 de dezembro, em pelo menos dez bairros da cidade, obrigando os piauienses a passarem a virada na escuridão completa. As pessoas afetadas pelo apagão não se viram passando de 2020 para 2021, mas sim retrocedendo para os anos 90 e aao duro período neoliberal de FHC. Como resposta a três dias completos sem luz, a população saiu às ruas para protestar contra a falta de luz; que causa inúmeros prejuízos, como a perda de alimentos e de medicações que dependem de refrigeração, como a insulina. A desculpa do poder público é que uma árvore teria caído e, por isso, a população estaria sem luz há dias; uma desculpa esdrúxula, se o fosse poderia ser facilmente resolvida em questão de horas.
Segundo relatos da imprensa local, os piauienses saíram e fecharam ruas com pneus queimados para demonstrar sua revolta com tamanho descaso. Entre as palavras de ordem mais presentes estava: “queremos energia”. A população, vendo a falta de interesse do poder público, dominado pela oligarquia local, resolveu agir pelos seus próprios meios: com uma mobilização de revolta contra a situação a que estão submetidos.
Outro caso semelhante ocorreu no Sul de Minas Gerais, o que começa a demonstrar que não são casos isolados, mas uma política geral da direita para a população. Nessa região uma explosão dos geradores gerou o apagão de diversas cidades que dependiam deles, também no dia 30 de dezembro. As cidades afetadas somam mais de seis na região, incluindo Muzambinho, Nova Rezende, Machado e Alfenas. Segundo as autoridades locais, das quais se deve ter a máxima desconfiança, “está tudo bem e não há mais motivo para preocupação”. O que podemos facilmente traduzir como não está nada bem e os motivos para preocupação ainda são inúmeros.
Explosão deixa cidades do Sul de Minas no escuro na véspera do réveillonhttps://t.co/zNVLDbU48I pic.twitter.com/6K4a3NgWsA
— Estado de Minas (@em_com) December 31, 2020
Esses dois casos, tanto no Piauí quanto em Minas Gerais, acontecem logo após o estado do Amapá ter ficado na escuridão por 22 dias. O apagão no estado do Amapá é considerado um dos maiores blackouts do Brasil desde o Apagão de 1999, durando o governo privatista do FHC, que atingiu parte do país. Teve seu início no dia 3 de novembro de 2020, atingindo 13 dos 16 municípios do estado, incluindo a capital Macapá. O início da retomada da energia elétrica aconteceu em 7 de novembro de 2020 em alguns bairros de Macapá e uma parte de Santana, dando início ao sistema de rodízio, inicialmente de seis horas, com exceção de bairros que atendem serviços essenciais, que passaram a ter a energia por 24 horas. Em 12 de novembro, o racionamento é reduzido para 4 horas, ocorrendo em dias pares e ímpares e se estendendo nos outros 11 municípios atingidos. No dia 17 de novembro de 2020, ocorreu um segundo apagão após uma falha na distribuição de energia, com o problema sendo totalmente solucionado na madrugada do dia 18. Na madrugada do dia 24 de novembro de 2020, a energia foi totalmente estabelecida. Um prolongado e arrastado tormento que a população do estado teve que viver, em meio da pandemia que já assolava o estado.
O apagão foi marcado por protestos de revolta da população que sofreu com a escuridão histórica. O governo ilegítimo Jair Bolsonaro mandou o aparato de repressão para cima da população, enquanto serviços essenciais, como hospitais e o abastecimento de água potável haviam acabado, esgotando-se totalmente os recursos com a falta de energia. Até a Força Nacional de Segurança foi convocada a reprimir a população que estava no desespero em meio à situação caótica. Os policiais faziam questão de mostrar suas armas em punho e há relato de um garoto de 13 anos que perdeu a visão nos confrontos com a Polícia Militar.
Está claro que o que está acontecendo no País, com os apagões em diferentes regiões, é um retrocesso à era FHC. É necessário uma denúncia contundente e sistemática por parte dos ativistas e organizações para organizar os trabalhadores e mobilizar os mesmos em massa, nas ruas, para reverter esse quadro que se transforma, cada vez mais, e um situação medieval que afeta milhões de brasileiros, entre crianças e idosos, e que vai continuar se expandindo em todo País.