De acordo com o boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) no último sábado (26), o número oficial de profissionais da saúde contaminados desde o início da pandemia — há cerca de 9 meses — chegou à marca de 36.006, número que aumentou em aproximadamente 5,6% desde o último boletim, divulgado uma quinzena antes. Esta taxa de aumento, que, se mantida no mesmo nível, duplicará o número de casos entre profissionais da saúde em menos de três meses, tendo em vista a disposição do governo burguês de Rui Costa (PT) em implementar a política de reabertura econômica e o avanço a passos largos da privatização da água no estado, pode mesmo vir a aumentar nas próximas quinzenas, reduzindo o já precário contingente de funcionários da saúde — visto que os funcionários contaminados precisam ao menos ser temporariamente afastados — e agravando a situação da pandemia na Bahia, já o terceiro estado do País em número de casos.
Analisando a situação da capital Salvador, cujo prefeito é Antônio Carlos Magalhães (ACM) Neto, presidente nacional do DEM, antigo partido da ditadura militar e um dos principais partidos da direita golpista nacional, nota-se um padrão que se repete também em outros estados: um alegado limiar para a taxa de ocupação dos leitos de UTI abaixo do qual seria permitida uma reabertura econômica “segura”, que vem sendo ultrapassado de forma a cada dia mais crítica ao longo do mês que antecede as festas de fim de ano, período do ano de maior aquecimento da economia. Por este motivo, na maioria dos municípios do País tem se mantido de forma abertamente negligente a reabertura econômica, com vistas à regressão para fases mais restritivas dos planos de reabertura apenas no início de 2021.
É necessário ter clareza quanto à política dos capitalistas e de seus governos para “enfrentar” a pandemia, perfeitamente coerente com sua política geral de austeridade fiscal e cortes de gastos. Tendo já promovido inúmeros ataques à saúde pública, aos direitos trabalhistas e aos salários, desde o início da pandemia ignoram, de forma geral, a adoção de qualquer medida realmente eficiente — por exemplo, a testagem massiva e regular da população, o aumento imediato dos recursos destinados à saúde pública e a requisição das instalações dos hospitais privados — que exija gastos dos recursos do Estado ou seja um entrave aos interesses econômicos dos capitalistas.
Ainda, movem constantes campanhas publicitárias para convencer a população de que está sobre os ombros individuais de cada cidadão a evolução positiva (não há) ou negativa da pandemia — limpando a barra dos detentores do poder — e da viabilidade da retomada do funcionamento normal da economia desde que sejam seguidos determinados protocolos que a realidade tem desmentido a cada dia, apesar dos esforços do Estado e dos monopólios de imprensa em falsificar as estatísticas da pandemia.