Nesta terça-feira (13), trabalhadores da Ford realizaram um protesto contra o fechamento da fábrica da montadora em Camaçari, região metropolitana de Salvador (BA). A empresa americana anunciou que pretende encerrar a produção de veículos no Brasil na segunda-feira (12). Os trabalhadores fizeram um ato na sede da fábrica e, em seguida, saíram em passeata para o Centro Administrativo de Camaçari. Protestos similares aconteceram nas demais unidades da empresa.
Conforme relato presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Bahia, Júlio Bonfim, o presidente da Ford para a América do Sul afirmou que o encerramento da produção se dá em virtude da “instabilidade econômica do país e a incerteza do país por parte do governo federal”.
Além da fábrica de Camaçari, as unidades de Taubaté (SP) e Horizonte (CE) serão fechadas. Júlio Bonfim assinala que, ao todo, serão 72 mil trabalhadores que perderão seus empregos, 12 mil empregos diretos e 60 mil indiretos, estes últimos relacionados com a cadeia produtiva.
A Ford possui 6.171 funcionários no Brasil. Fechou o ano passado como a 5ª maior vendedora de veículos, dona de uma fatia de 7,14% do mercado nacional. Foram vendidos 119.454 automóveis, 19.864 veículos comerciais leves e 579 caminhões.
Em comunicado à imprensa, a gerência da Ford tenta maquiar os números e esconder a verdadeira amplitude das demissões em massa. As vidas dos trabalhadores e suas famílias são tratados como mercadorias descartáveis, como se não se tratasse de lançá-los no desespero e na miséria. A leitura do comunicado torna evidente o desprezo que os capitalistas têm pelos trabalhadores e suas famílias.
O encerramento das atividades da Ford no Brasil vai lançar milhares de famílias no desemprego, isso no contexto onde não há qualquer perspectiva de conseguir outro emprego devido à recessão da economia. A política neoliberal de destruição nacional implementada pelo golpe de Estado de 2016 e pelo governo Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido) tem por consequência o aprofundamento da miséria, desemprego e carestia para a população.
Os trabalhadores devem ocupar as fábricas para impedir seu fechamento. A Central Única dos Trabalhadores (CUT) e os sindicatos operários devem organizar a luta contra as demissões e o desemprego, que representam um duro flagelo sobre a classe trabalhadora. Somente a luta da classe operária e suas organizações pode impedir as demissões massivas e o retrocesso nas condições de vida.