O pobre não tem vez nunca!

Auxílio emergencial? Só com congelamento na Educação, diz Guedes

Para devolver os impostos em forma de auxílio emergencial aos pobres, só tirando dos outros pobres. Nunca, jamais dos mais ricos. Essa é a essência do estado burguês parasitário.

Em evento promovido por um banco, nesta semana, o presidente ilegítimo Jair Bolsonaro e o ministro Paulo Guedes, igualmente ilegítimo, se pronunciaram a investidores estrangeiros, com relação às medidas econômicas que o governo pretende adotar neste ano. É o que nos informa matéria do jornal Brasil 247 e o jornal golpista O Globo.

O ministro Guedes afirma que para criar o “auxílio emergencial” de novo, tem que ter muito cuidado. Para fazer isso precisa atrelar a concessão do auxílio com a retirada do aumento automático de verbas para a educação e segurança pública. O aumento automático é o repasse da inflação acumulada no ano para as verbas destinadas no orçamento público para cada item do orçamento no ano seguinte.

Diz ainda, que caso o pior aconteça, citando a pandemia, “aparentemente”, não precisa ficar gritando guerra a toda hora, precisa cobrar os políticos do compromisso com a responsabilidade fiscal.

Como aconteceu em 2020, para poder gastar com a pandemia, o congresso aprovou o “estado de calamidade pública” e o “orçamento de guerra” que permitiram conceder o auxílio e depois prorrogá-lo, e que se encerraram em dezembro.

Naquele episódio “de guerra” não houve verbas para a educação e a saúde. Se ocorrer de novo, o governo saberá como agir, faremos o mesmo, não haverá verbas para a educação e segurança.

Citando os números da COVID-19 diz que na segunda-feira foram 631 mortes, 217.712 mortes desde o início da pandemia, a média móvel de mortes nos últimos 7 dias são 1.055, sendo a maior desde agosto passado que foi de 1.066. Diz – se a pandemia se agravar serão 1.500 mortes diárias, a vacina não chega e nós falhamos miseravelmente na entrega das vacinas. Caso o pior aconteça, temos o protocolo de crise.

Diz – é preciso ter responsabilidade quando “declara guerra”, pois os salários dos servidores públicos não serão reajustados por dois anos. O sacrifício tem que ser feito de imediato e não podemos transferir para as gerações de nossos filhos e netos o peso do sacrifício, nas palavras dele.

Por outro lado, o Bolsonaro diz que vai acelerar os leilões de privatizações, concessões e ainda volta a indicar que não retomará os pagamentos do auxílio emergencial pago aos trabalhadores devido à pandemia. Diz que medidas temporárias não podem ser duradouras, e que está comprometido com o teto de gastos.

Destaca o PPI (Programa de Parceria de Investimentos) como uma carteira de projetos estratégicos de longo prazo, com taxas de retorno estáveis, atraentes e com baixo risco. 

Assim colabora com o ambiente de negócios, e diz querer regulamentos mais simples e menos oneroso para incentivar os negócios da iniciativa privada. Lembrando que dois dias atrás o presidente da Eletrobrás, Wilson Ferreira Júnior,  havia pedido demissão cobrando do presidente maior empenho na privatização da estatal, que depende do congresso.

Temos aí duas pessoas chaves no governo e que têm em comum o compromisso com o teto de gastos, para os trabalhadores,  já que não querem prorrogar o auxílio emergencial para os que estão em situação precária, sem renda, sem emprego, sem atendimento médico, sem moradia minimamente confortável, literalmente à deriva diante de calamidade sanitária e econômica.

Ao passo que querem manter um ambiente saudável e lucrativo para os empresários, melhorando as condições e o ambiente de negócios. Oferecendo as estatais e os recursos naturais para a exploração lucrativa com baixos investimentos, às custas do dinheiro público, que também pertence aos trabalhadores, aliás os que mais contribuem para os recursos do estado, arcando com a maior parte dos impostos recolhidos.

Devemos nos perguntar por que o governo, para devolver os impostos pagos pelos próprios trabalhadores, na forma de auxílio emergencial, condiciona a redução de verbas para a educação e segurança. O objetivo parece claro, é uma chantagem contra a população, colocar os professores e os agentes de segurança e repressão contra a população pobre. 

Se um lado ganha o outro perde e a tensão entre classes volta-se para o interior da população mais pobre. Esquecendo que recentemente o prefeito de São Paulo, Bruno Covas, decretou aumento do seu salário e dos secretários em 46% e os trabalhadores, professores e outras categorias mal tiveram a reposição da inflação. E o teto de gastos neste caso, alguém reclamou que iria estourar? A resposta é não.

Em nenhum momento os políticos e o governo cogitam aumentar impostos dos mais ricos, das empresas e bancos que têm alta lucratividade mesmo com a crise. Tampouco reduzir as verbas do aparato de repressão contra o povo pobre e preto. Se o fizessem não pesaria no orçamento deles e ainda teria muita folga para conceder o auxílio, que é destinado aos que estão em situação precária, já sem expectativa de sobrevivência. E o benefício poderá ter valor bem acima dos R$ 600, que mal pagam o aluguel, que dirá comida, luz, água, internet, roupas.

A preocupação do governo é claramente a de salvar os empresários à custa da fome e miséria dos trabalhadores. Ainda o discurso do Bolsonaro continua sendo de privatizar tudo, entregar toda a riqueza do povo ao capital estrangeiro imperialista. Entregando as estatais a preço irrisório, pressionando a sociedade, indo contra os interesses mesquinhos dos congressistas que já disputam a vaga de presidente da Eletrobrás, e de todas as estatais. Talvez seja essa a dificuldade em privatizar mais empresas, o cabide de empregos do congresso fica mais reduzido. 

Com o aumento da crise, Bolsonaro intensifica a luta pela privatização a todo custo. As estatais na linha de frente são o Banco do Brasil, Caixa Federal, Eletrobrás, Petrobras e o compromisso é que elas sejam privatizadas até o final do ano. Vai provocar ainda maior desemprego, redução das verbas do estado para saúde, educação, transportes e infraestrutura, que já estão bastante precários. É o típico cenário de terra arrasada pela guerra. Só haverá escombros.

Por isso é que a classe operária precisa levantar a cabeça e se organizar em conselhos populares, definir uma pauta de reivindicações e ir para as ruas em busca de realizar seus objetivos de forma obstinada, sem recuos, nas ruas até a vitória final.

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