A crise econômica e a pandemia da Covid-19 vieram com grande força aos brasileiros desde o princípio, o que criou a necessidade urgente de garantir renda para as famílias mais pobres do país e evitar o caos social que estava prestes a explodir. Com isso, após muita discussão, foi o criado o Auxílio Emergencial, acordado no valor de R$600 para o membro da família que estivesse sem emprego ou fosse um trabalhador informal que agora estava sem renda devido à paralisação de vários serviços durante o vai e vem do fajuto isolamento social praticado em várias cidades do Brasil. O impacto do auxílio foi muito grande e demonstrou que o governo não fazia idéia de quantas pessoas realmente precisavam de algum amparo estatal neste momento tão difícil, uma população completamente invisível e que ainda continua sem condições mínimas de sobreviver à pandemia mesmo com o auxílio.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a primeira faixa de renda do país (os mais pobres) representa 10% de toda a população brasileira, o que totaliza 21 milhões de pessoas. Dessas 21 milhões, 17,7 milhões residem em algum lar que recebeu auxílio do governo e essa população passou a ter uma renda domiciliar de R$271,92, o que seria um avanço se comparados a renda familiar anterior de R$7,15. Mas como podemos concluir que isso seja um avanço se a renda familiar (não é nem mesmo a per capita) dessas milhões de pessoas é cerca de um quarto do salário mínimo? São apenas R$271,92 para o alimento, a luz, a água, o vestir, enfim, entre tantas outras necessidades básicas, que são básicas para a maioria da população, mas para esse povo excluído são verdadeiros artigos de luxo.
A população que faz parte dessa estatística em sua grande maioria vive nas favelas, nas palafitas e nos terrenos invadidos porque o Estado burguês não consegue e não tem interesse em resolver o problema da moradia das pessoas, afinal isso impacta na especulação imobiliária e no bolso dos grandes capitalistas da construção. Além disso, outros serviços básicos como água, esgoto e luz são inacessíveis, internet é algo ainda mais distante, e isso aumenta ainda mais as suas condições de esquecidos e excluídos socialmente. O auxílio do governo é completamente insuficiente para resolver problemas tão profundos, ainda mais com valores tão baixos e fora da realidade de milhões de brasileiros, mostrando que o benefício só ajudou realmente quem já tinha uma renda maior garantida, ou seja, o auxílio emergencial serviu de renda extra para uma classe média que não necessitava do benefício, como aconteceram os milhares de casos de militares que solicitaram e tiveram o auxílio aprovado, enquanto milhões de pessoas continuam vivendo em condições precárias sem ao menos poderem se alimentar dignamente em meio à uma pandemia completamente crítica.
Além disso, existe ainda outra parcela desses 21 milhões que continuam sem nenhum benefício e provavelmente com os mesmos R$7,15 de renda familiar, que são os mais de 3 milhões de brasileiros mais pobres que nem sequer conseguiram o auxílio emergencial. Como estariam vivendo essas pessoas em meio a crise econômica e com as condições necessárias para se protegerem da pandemia sendo negadas pelo Estado burguês? O que podemos concluir é que ainda existem milhões que faziam parte dos esquecidos e mesmo assim ainda não foram lembrados, sendo jogados para morrerem de fome ou de Covid-19.
Esse panorama da população mais pobre do Brasil se dá porque o governo genocida de Jair Bolsonaro e toda a direita golpista não têm interesse em dar o devido amparo para a população mais pobre, quando se trata do trabalhador o uso do dinheiro público é gasto, mas quando se trata em salvar grandes capitalistas e os bancos os trilhões já utilizados é investimento, essa é a lógica capitalista, onde somente a burguesia tem o direito de usufruir daquilo que é resultado do trabalho da classe operária, inclusive do dinheiro dos impostos pagos pelos próprios trabalhadores.