Nesta quinta-feira (19), o comandante máximo das forças armadas australianas, general Angus Campbell, veio a público admitir que as forças especiais da Austrália mataram, ao menos, 39 afegãos e recomendou abertura de processo de investigação por crimes de guerra. Destes 39 assassinatos, nenhum dos afegãos mortos eram combatentes e nem ocorreram durante combate.
Encharcado por lágrimas de crocodilo, Campbell, pediu a retirada das medalhas, dadas pelos serviços no Afeganistão (2005-2016), dos 25 soldados envolvidos. Também “lamentou” a mancha sobre a história das tropas australianas.
Obviamente não se deve ser ingenuo o bastante para cair nesta “conversa” das forças armadas australianas. A admissão de culpa só ocorre após mais de quatro anos de investigações, onde foram ouvidas mais de 420 testemunhas e analisados mais de 20 mil documentos e 25 mil imagens.
Frente a provas cabais, o comando das forças armadas australianas não teve outra opção a não ser jogar a velha carta da “autocrítica”, que, no fim das contas, não passa de jogo de cenas para “livrar a barra” do alto-comando. Um medida demagógica e que não resolverá coisa alguma, pois a Austrália continua sendo um dos principais braços armados do imperialismo norteamericano.
Para a invasão do Afeganistão, a Austrália enviou mais de 26 mil soldados, um número altamente expressivo para uma guerra ao qual a Austrália não possuía justificativa alguma para participar, exceto a sua subserviência aos Estados Unidos.
Ao falar sobre a invasão do Afeganistão, é impossível não lembrar o papel do novo presidente dos Estados Unidos, eleito pelo setor majoritário da burguesia americana, Joe Biden, enquanto ocupava a presidência do Comitê de Relações Exteriores do Senado norteamericano. Biden colocou-se como um dos porta-vozes pela guerra no Afeganistão, que já dura décadas e matou mais de 149 mil pessoas.
Os crimes cometidos pelos australianos seguem na esteira dos mesmos cometidos pelos soldados americanos no oriente médio. Em 2001, as forças americanas assassinaram mais de três mil prisioneiros a tiros ou sufocados até a a morte. Mais de 92 mil documentos secretos revelados pelo WikiLeaks, descrevem assassinatos a sangue frio, inclusive de mulheres e crianças afegãs.
Por isso, não devemos acreditar nas desculpas dadas pelos generais e outros “senhores da guerra” imperialistas. Eles são a principal causa de milhões de assassinatos, devido a sua política de genocídio constante às populações dos países de capitalismo atrasado.