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Austeridade e a “fada da confiança”. Parte II

A resposta dos capitalistas a crise econômica nos 1970 foi a implementação do neoliberalismo, uma política apresentada como “moderna” redentora do capitalismo após o período de “gastança” dos chamados Trinta anos gloriosos. Na verdade, o neoliberalismo e suas receitas econômicas e sociais como a Austeridade, a Flexibilidade e abertura aos mercados globalizados tem um sentido claro de promover uma guerra social e econômica pela liquidação dos direitos conquistados pela classe trabalhadora, bem como em disputa pelos  fundos públicos, com uma formidável transferência de renda para o capital em crise.

Os governos de orientação neoliberal apresentam o desmonte do Estado e a liquidação dos direitos sociais das camadas populares como aspectos positivos de uma “gestão austera e responsável”. A defesa de que  a austeridade representaria  controle e parcimônia com os recursos públicos é uma fabricação ideológica, para justificar o saque promovido pelos capitalistas dos recursos públicos.

A austeridade nada mais é do que uma busca pelo controle do fundo público, construído pela contribuição dos trabalhadores, para ser confiscado pelos capitalistas. Um exemplo cabal disso foi a Reforma da previdência Chilena, com o estabelecimento da capitalização que liquidou a aposentadoria do povo, modelo esse que a direita quer implementar no Brasil.

Em Austeridade. A história de uma ideia perigosa de autoria do escocês Mark Blyth (2017), é analisado tanto os aspectos teóricos justificadores quanto o que levou e o que resultou da aplicação de políticas de Austeridade. O livro é constituído de duas partes, a Primeira Parte: Por que razão precisamos ser todos austeros? e a Segunda Parte: Histórias Gêmeas de austeridade.

Na apresentação da edição brasileira, a professora da USP Laura Carvalho indica ao leitor uma síntese da visão de Mark Blyth sobre a austeridade.

“ A austeridade que, como aponta Blyth, vem sendo entendida como penitência – “ a dor virtuosa após a festa mortal”-, seria uma ideia perigosa por três razões. Primeiro, porque não funciona. Segundo, porque depende de os pobres pagarem pelos erros dos mais ricos. Terceiro, porque repousa sobre uma grande” falácia da composição”.” (  Blyth, p.12)

Na primeira parte do livro, o autor aborda a crise econômica mundial em desdobramentos a partir dos Estados Unidos ( capitulo 2: Estados Unidos da América Grande demais para falir? Banqueiros, resgastes e culpalização do Estado) e da Europa ( capitulo 3: Europa: grande demais para resgatar? A política de austeridade permanente). Nos dois capítulos, Blyth apresenta uma grande quantidade de dados e informações que demostram os interesses dos capitalistas em utilizar os recursos sociais públicos em formidáveis operações econômicas e politicas.

Imediatamente após a crise de 2008 era rotina na imprensa capitalista a defesa do resgaste dos bancos e das seguradoras como parte de uma “salvação”, entretanto, em seguida os capitalistas, inclusive os banqueiros passaram a defender a importância do retorno da “austeridade”.

Como salienta, o autor “qualquer narrativa que localize a despesa esbanjadora dos governos antes da crise de 2007 como causa da crise é mais que um simples erro: é malicioso e partidário”. A política atual de austeridade (pós 2008) precisa ser analisada como produto da transferência dos custos da crise para o povo. A operação ideológica, que os economistas neoliberais, os governos e a imprensa corporativa procura realizar é culpar os governos e o Estado em abstrato pelo aumento dos gastos.

Dessa forma, afirma Mark Blyth :

“ O que aconteceu foi que os bancos prometeram crescimento, mas deram prejuízos, e transferiram o custo para o Estado que depois ficou com a culpa de gerar a dívida, e, desde de logo, a crise, coisa que, é claro, tem de ser paga com cortes na despesa. Os bancos podem ter tido prejuízo, mas os cidadãos irão pagá-los. Este é um modelo que vemos repetir-se na crise.” ( Blyth, p. 81)

No capítulo sobre a Europa, Mark Blyth ressalta que a noção de que a crise europeia da dívida é uma crise de dívida soberana não corresponde a uma explicação efetiva, uma vez que o aspecto central da crise é a crise bancária da Zona Euro, em especial dos bancos privados. Assim, “ o que eram essencialmente problemas da divida do setor privado  foi rebatizado como a “ Divida” gerada pelas despesas pública “ descontrolada”.

As fraçoes do capital que defendem a política neoliberal usam as políticas de auteridade como uma forma de repassar o onus da crise econômica para o conjunto da população. Do ponto de vista econômico, a aplicação da austeridade não produz ” crescimento”, muito pelo contrário, leva ao aprofundamento da recessão.

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