Conforme dados do Banco Mundial, divulgados na última quinta-feira (04), 2015 encerrou um ciclo longo de queda da pobreza, que foi de 2003, um ano após a posse de Lula, até 2014, fim do primeiro mandato de Dilma.
Em apenas dois anos, de 2015 a 2017, quase sete milhões e meio de brasileiros passaram a encarar a realidade de viverem com menos de 5,50 dólares por dia. Hoje passamos de 43 milhões de pessoas nesta situação em nosso país.
O IBGE já revelava em final de 2016, que a extrema-pobreza – situação de quem não tem mais de 1,25 dólares por dia para viver – havia voltado aos patamares de 10 anos antes, com um crescimento de mais de 200% na região Centro-Oeste, 140% no Sudeste, e 189% na região Sul.
Uma verdadeira explosão da pobreza, evidente em qualquer grande centro do país, tanto pelo volume de pessoas que vemos vivendo nas ruas ou das que hoje tentam a vida no comércio ambulante, fugindo da polícia nos trens, praças, ruas e sinais.
Não tem como não ver tudo isto como um resultado óbvio do golpe de Estado, que já estava sendo preparado através da paralisia política e econômica imposta ao país pelo imperialismo, desde o final de 2014, e que simplesmente não permitiu que Dilma governasse no seu segundo mandato.
Os golpistas pararam nossa economia por meio do congelamento da Petrobras e da construção civil nacional, imposto pela Lava-Jato; dos impasses e insegurança generalizada, construída à base de todo tipo de boicote de grandes empresas, do legislativo e do judiciário, de janeiro de 2015 até o impeachment, onde não faltaram notícias falsas da imprensa burguesa, abusos de poder do Judiciário e pautas-bomba do Congresso; e depois da queda de Dilma Rousseff, derrubando o projeto eleito pelo povo nas urnas para colocar em seu lugar o projeto ultra-liberal e destruidor do imperialismo, que havia perdido no pleito popular.
Passamos a ver então as consequências econômicas e sociais óbvias dos cortes dos programas sociais, devastação dos serviços públicos, privatizações, queda do aumento do salário-mínimo e destruição de direitos trabalhistas.
Todas medidas que diminuem o volume de dinheiro circulando na economia interna, derrubando a massa salarial total dos trabalhadores, destruindo o mercado interno, que então entra em recessão.
A recessão gera aumento no desemprego, retrai o consumo também dos que estão empregados, agravando a retração geral da economia, causando uma quebradeira geral principalmente entre as pequenas e médias empresas, que são as que mais empregam e as mais dependentes dos salários pagos aos trabalhadores. O resultado, estamos vendo aí, mais e mais pobreza.
É um ciclo vicioso criminoso.
Mas os golpistas não pensam assim. Para eles, o que importa é manter o tal equilíbrio fiscal. Ou seja, conseguir reservar o “dinheirinho” dos bancos. Dar garantias que União, Estados e Municípios poderão continuar a mandar quase metade do que arrecadam direto para os bolsos dos bancos, estas empresas extremamente poderosas sem precisarem produzir absolutamente nada, a não ser fome, miséria e pobreza.
Na verdade, a fome e a miséria de toda uma enorme população são vistas como um simples “efeito colateral” dessas políticas impostas ao nosso povo pelo imperialismo, um “mal necessário” e que, afinal, não teria mesmo solução.
Mas a realidade é que nosso povo está pagando as contas dos capitalistas decadentes do imperialismo norte-americano correndo atrás da sobrevivência dormindo debaixo de um papelão na rua, ou vendendo balas no trem, sem ter garantida nem a comida do dia, quanto mais poder ter alguma perspectiva de vida no futuro.
É óbvio que esta é uma situação totalmente inaceitável. O povo não tem que aguentar isto. E de fato, não vai mesmo suportar por muito tempo mais ficar calado em uma vida de miséria e morte. Não tarda a hora em que a revolta vai explodir, como já se vê acontecer aqui e ali.
Não há dúvidas de que o povo está cansado de ser governado por políticos criminosos e golpistas. Mas para que esta revolta tome o rumo da rebelião e da ação concreta, é necessário que as pessoas encontrem um meio de luta, estejam mobilizadas e organizadas em um plano concreto de ação.
Para o povo, não é preciso nenhum estudo do Banco Mundial ou do IBGE para demonstrar a diferença extrema da vida sob um regime golpista daquela que havia no Brasil na época dos governos de esquerda, dos ex-presidentes Lula e Dilma. E também não é necessário nenhum grande estudo político para os trabalhadores, que sabem muito bem que não foi por outro motivo, a não ser dar o golpe no país, que Lula foi preso, que a Lava-Jato destruiu nossa economia e que os golpistas nos tiraram o direito de escolher livremente o nosso presidente.
Por isso, na rua todo mundo sabe que hoje precisamos urgentemente tirar o Bolsonaro do poder. E para isso, precisamos também com urgência de que Lula seja posto em liberdade, e imediatamente sejam chamadas novas eleições, para derrotar o golpe com a volta de Lula à Presidência da República.
A esquerda em geral, partidos e movimentos populares, devem intensificar a luta para organizar o povo contra Bolsonaro, pela liberdade de Lula e por Lula presidente, porque a assim chamada “Justiça” só funciona quando sente o bafo quente do povo revoltado no cangote.
Não tem como resolver o golpe à base de petições. Não vai acontecer. O único caminho para fazer cessar agora o ciclo criminoso de empobrecimento de nossa população, como disse Lula, é povo na rua.
E o povo não tem condição nenhuma de esperar mais. Precisamos mostrar para os golpistas que quem manda no Brasil é o povo brasileiro.