Esta semana ocorre mais um episódio da intensa crise política que a Itália vive: a disputa entre os dois homens fortes do governo, o ministro do Interior e vice-primeiro-ministro Matteo Salvini (Liga) e o ministro de Desenvolvimento Econômico e também vice-premiê Luigi Di Maio (Movimento 5 Estrelas).
Na quinta-feira (18), houve troca de acusações e mais ameaças de colocar um fim na coalizão reacionária que governa o país.
“Se a Liga quer fazer o governo cair, que assuma a responsabilidade. Eu não fico dizendo que fizemos mal pela Itália todos esses meses. Todos os dias, tento levar para casa os resultados, mas este clima faz mal ao país. Quando se ameaça derrubar um governo, o resultado é que os investidores não investem, porque encontram um clima de incerteza”, criticou Di Maio.
Salvini tem acusado alguns ministros do Movimento 5 Estrelas (M5S, na sigla em italiano) de travarem a atividade governamental, além de afirmar que o partido está alinhado com a União Europeia – uma vez que votou em Ursula von der Leyen (ministra da Defesa alemã) para a chefia da Comissão Europeia, acompanhando os votos de Angela Merkel e Emmanuel Macron.
Os outros partidos que fazem parte da desestabilização do governo italiano, como o PD (Partido Democrático, de Matteo Renzi) e o Força Itália (de Silvio Berlusconi) também votaram em Leyen, enquanto que a Liga voltou atrás em apoiar a alemã.
Outro dos principais focos de crise é a acusação de suposto financiamento russo por parte da Liga para as eleições europeias. De fato, o partido foi o grande vencedor na Itália, e Vladimir Putin apoia publicamente Matteo Salvini, devido à sua política anti-União Europeia. O órgão europeu é uma instituição controlada pelo imperialismo alemão e francês e é uma ameaça à Rússia, impondo sanções econômicas e um cerco militar através da OTAN.
No entanto, o suposto financiamento russo não passa de uma desculpa para a derrubada da Liga pelo imperialismo, justamente porque esse partido fascistoide não atende aos interesses da principal ala da burguesia europeia. Até porque, diante de tamanha crise, Salvini já declarou que pode convocar novas eleições e as últimas pesquisas mostram que a Liga venceria de tal maneira que poderia dispensar o M5S para governar.
Assim, a oposição formada pelos partidos burgueses tradicionais (incluindo o PD), quer derrubar a Liga do governo, fazendo uso de uma possível moção de desconfiança contra Salvini, tentando assim o apoio de Di Maio. O Ministério Público de Milão já abriu uma investigação sobre o alegado recebimento de dinheiro russo pela Liga.