Os principais órgãos de imprensa capitalistas do País divulgaram a notícia de que o endividamento já cresceu quase 10 pontos percentuais desde o início do ano, saindo de 75,8% do PIB para 86,5%, o que, significa um valor superior a R$6,27 trilhões, de acordo com o resultado do PIB para o ano de 2019. Sobre isso, três coisas precisam ser consideradas, todas ligadas à política econômica do País e que tem relação direta com o tema.
A primeira diz respeito ao crescimento do PIB, ou falta deste. É até um dado lógico mas não custa lembrar que um débito de R$1.000 a quem tem mil reais significa 100%, porém 50% a quem tem R$1.500. Com uma política responsável pela destruição econômica do País, a tendência é que a crise continuada na economia eleve o peso do endividamento da nação. Medido em dólares, este fenômeno é melhor compreendido na medida em que o Brasil saiu de um PIB de US$2,61 em 2011 para US$1,83 em 2019, quase 30% de retração em valores nominais, isto é, desconsiderando-se a atualização dada pela inflação do período, cujo cálculo seria necessário para um estudo mais rigoroso do tema.
A “dolarização” do PIB cumpre um papel para os objetivos deste artigo por causa da natureza da dívida. Embora os economistas burgueses façam distinção entre dívida interna e externa, isto não muda o fato de que os grandes capitalistas das nações imperialistas são os principais destinatários do montante trilionário de recursos, drenados do Estado brasileiro pela via do endividamento público, o que também sofre variação em sua proporção com o PIB nacional, conforme a moeda dos Estados Unidos se valoriza ante o real.
Por fim, é preciso destacar o papel direto do governo federal na contratação de crédito junto aos banqueiros e demais tubarões do capitalismo, que segundo informações divulgadas pela Folha de S. Paulo (“Dívida pública alcança 86,5% do PIB em julho sob efeito da pandemia”, 31/8/2020 ) aumentam o endividamento.
Claro que, sendo a Folha, esta manobra é detacada como resultado de um desarranjo nas contas públicas, atribuído pelo jornal ao fato do governo Bolsonaro ter gasto mais R$483 bilhões com a população (as chamadas despesas primárias, trabalhistas e encargos sociais) no acumulado do ano e mais de R$537 bilhões, valores que somados, são inferiores ao que o governo dispensou aos banqueiros no mês de março, mais de R$1,2 trilhão.