Em menos de uma semana, a sublevação popular em no Equador já mergulhou o país numa crise de características revolucionárias, colocando a possibilidade da queda do presidente Lenin Moreno, ex-vice de Rafael Correa, que adotou uma agressiva política neoliberal e pró-imperialista ao chegar ao governo, numa postura de ostensiva manobra golpista e traição ao povo equatoriano.
As massas populares estão em luta aberta contra as forças repressivas do país, onde as ruas de todas as principais cidades estão ocupadas por manifestantes, em repúdio às medidas econômicas baixadas pelo governo, que retirou o subsídio estatal aos combustíveis, existente no país há 40 anos, causando um grande impacto no preço dos combustíveis, que teve um aumento imediato de 123%. Recentemente, o Equador fechou um acordo de US$ 2 bilhões com o Fundo Monetário Internacional (FMI), que exigiu, como contrapartida, o corte nos subsídios, além de outras medidas impopulares de ataques aos direitos sociais da população.
Acuado pelas gigantescas manifestações e protestos de rua, o governo de Lenin Moreno, diante da perda de controle sobre a situação, determinou a transferência da capital do país para Guayaquil, a cidade economicamente mais pujante do Equador, onde está localizado o porto mais importante do país, por onde chegam e também saem as principais mercadorias e outros ativos que movimentam a economia equatoriana. O refúgio do presidente golpista e traidor em Guayaquil revela a dimensão e a magnitude da crise no país latino-americano. A decisão de Moreno de exilar-se junto à burguesia financeira do país, de onde vem comandando a repressão contra o povo em luta, coloca em relevo a explosividade da crise, prenunciando o fim do seu governo antipopular e abertamente pró-imperialista.
Nesta semana a situação agravou-se dramaticamente para o governo neoliberal com a adesão em massa aos protestos das comunidades indígenas do país, que estão a caminho da capital original do país, Quito, somando-se aos milhares de outros manifestantes que mantêm a cidade sitiada. Os indígenas em luta promoveram a prisão de 52 militares e policiais, que estão sob a custódia da comunidade indígena na localidade de Nizag, perto de Alausí, na província de Chimborazo. Em comunicado oficial o conselho indigenista afirma que os militares que se opõem aos protestos “serão mantidos e sujeitos à justiça indígena” (Geonotícias, 07/10).
O povo equatoriano é somente mais um em todo o convulsionado continente que se levanta contra a tirania e a opressão dos regimes golpistas, a soldo do imperialismo. A região está conflagrada e a revolta popular vem crescendo em todos os países, particularmente ali onde os governos títeres de Washington aplicam o receituário recessivo, privatizante e de destruição de direitos e conquistas, preconizado pelo FMI, Banco Mundial e pelo grande capital. O exemplo que vem sendo dado pelas massas populares do Equador é o guia para a ação de todos os povos latino-americanos em luta contra os governos capachos do imperialismo. Os métodos próprios de ação dos trabalhadores se colocam como os únicos capazes de se impor como vitoriosos diante dos opressores inimigos dos povos.