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Universidade Marxista

Aula 9: luta interna, derrota da revolução alemã e morte de Lênin

Como os acontecimentos da luta pelo poder na URSS, a crise econômica, a derrota da revolução alemã e a morte de Lênin convergiram para a tomada do poder pela burocracia stalinista

Nesta terça (9), ocorreu a 9ª aula do curso “O que foi o stalinismo”, parte da 46ª Universidade de Férias do Partido da Causa Operária (PCO) e da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR). Ministrada pelo companheiro Rui Costa Pimenta, presidente nacional do Partido, abordou os acontecimentos que levaram à crise de 1923 e a morte de Lênin.

No início da 2ª metade do curso, Rui deu vários exemplos dos aspectos da burocratização que começaram a ser mais claros a partir de 1921, com o fim da guerra civil, como afirmou o próprio Trótski em sua biografia: “Toda vez que entro em choque com algum funcionário do Estado por trás aparece um dirigente do Partido”

Neste mesmo ano, no X Congresso do Partido Bolchevique, ocorreu uma depuração geral, quando cerca de 200 mil integrantes foram expulsos. Pelos motivos mais diversos, em geral a falta de qualquer identificação com o marxismo, os bolcheviques procuram depurar o partido de seus vícios e debilidades. Rui explica que neste momento, Lênin e Trótski consideram que este problema da degeneração do partido poderia ser superado, mas que eles não tinham compreensão de como a burocracia impediria isso.

Em seguida, Rui falou sobre o início da doença do principal dirigente do Partido Bolchevique e do Governo Operário:

“Lênin era o dirigente indiscutido do Partido. Ele tinha autoridade sobre todos os militantes, mesmo sobre aqueles que porventura discordassem da sua política.”

Ele explicou que com sua autoridade política, Lênin conseguiu resolver os problemas internos mantendo a unidade do Partido e que, com sua doença no final de 1921, Zinoviev, de maneira mais aberta e Stálin, de forma sorrateira, passam a travar uma luta direta pelo poder dentro do Partido.

O presidente do PCO diz que a doença de Lênin é reflexo da exaustão diante dos esforços extremos ao longo de anos de luta pela revolução. Ele lembra que 17% dos militantes do partido contraíram tuberculose naquele ano, tamanho o esforço empregado na revolução e na guerra civil.

Ele também explica o caso da discussão entre Stálin e militantes da Geórgia, quando aparece uma tendência nacionalista no seio da União Soviética. Ele conta que são interesses de dominar as nacionalidades soviéticas mais fracas, o que é a 1ª manifestação da tese stalinista do “socialismo em um só país”.

Rui também cita outros aspectos que revela a tendência direitista do Partido, que expressavam condições propícias para o desenvolvimento acentuado da burocracia. O 1º exemplo dado é que o Comitê Central do Partido Bolchevique definiu flexibilizar o monopólio estatal do comércio exterior, sem Lênin e Trótski, quer reverteram a decisão. O risco, no entanto, era que o fim do monopólio estatal permitiria que o imperialismo se infiltrasse no País através de relações comerciais diretas com os camponeses, por exemplo.

O outro aspecto é o nacionalismo da burocracia soviética, que na verdade era uma burocracia russa, que tinha como interesses dominar os demais povos que compunham a URSS, como no caso da Geórgia.

No 2º bloco, Rui fala sobre os textos de Lênin sobre a burocracia “Como devemos reorganizar a inspeção operária e camponesa” e “Melhor menos, mas melhor”. Em ambos, o líder principal dos bolcheviques procura denunciar a burocratização da URSS e chama a um combate contra o que estava se tornando uma casta contrarrevolucionária.

Segundo Rui, neste momento Lênin percebe que quem está impulsionando a burocracia é o próprio Stálin. Nesta mesma época, ele escreve o testamento, onde diz que Stálin deve ser removido da Secretaria Geral. Para se contrapor a essa decisão, Stálin, Zinoviev e Kamenev decidem, a pretexto de preservar a saúde de Lênin, criar um controle das visitas e informações que Lênin recebe e deixam essa tarefa sob o controle do próprio Stálin, que faz com que o principal líder do partido bolchevique se torne uma espécie de prisioneiro político.

Em seguida, o presidente do PCO falou sobre como a situação transcorreu até 1923, quando a situação de Lênin, adoecido, já era crítica, tal como a do País, que enfrentou a chamada “Crise das Tesouras”. Termo cunhado por Trótski para mostrar o impasse criado com o crescimento da agricultura, impulsionada pela NEP, mas não acompanhada pelo crescimento industrial.  Segundo Rui, as disparidades entre esses dois setores da economia, gerou  inflação na URSS corroendo ganhos dos camponeses e dos operários o que levou a uma enorme instabilidade social, com greves e o risco de colapso da aliança operária e camponesa que sustentava o regime revolucionário. É desta forma que surge a ideia de planificação da economia, apresentada por Trótski, que defendia, entre outras medidas, construir uma espécie de Itaipu russa para dar base para o desenvolvimento da indústria no País.

Este acontecimento de baixa da situação russa sofre um choque de ânimo em 1923 com a Revolução na Alemanha. Sem condições de cumprir o Tratado de Versalhes, a Alemanha foi ocupada pela França na região do Ruhr, onde haviam indústrias de base da economia alemã, que entra em colapso, resultando na hiperinflação no País.

“Nesta situação, o regime político burguês cai sozinho.” (Rui)

A burocracia sindical não funcionava, a Polícia também não. Os trabalhadores então passaram a apresentar uma tendência insurrecional, no entanto, o Partido Comunista, que recebera reforços do Partido Independente e já tinha cerca de 1 milhão de filiados, na altura, considerou que não tinha condições de liderar a revolução. Foi assim que seus dirigentes foram até a Rússia e solicitaram que Trótski dirigisse a revolução alemã. Com medo das consequências óbvias de permitir isso – como a vitória da revolução alemã, o fortalecimento da revolução russa, de Trótski como líder e a inevitável derrota quase que instantânea da burocracia stalinista – a direção do Partido nega a ida do líder do Exército Vermelho para a Alemanha, alegando que ere necessário tê-lo na Rússia.

Rui explica que essa perspectiva da revolução na Alemanha provoca um entusiasmo muito grande nos estudantes e operários russos, numa situação política muito positiva, o que se transforma num movimento contra a burocracia. Neste momento, 46 militantes escrevem um manifesto condenando abertamente a burocracia, exigindo o fim das nomeações e uma série de outras reivindicações.

Acuada, a burocracia abre o debate no País, que começa a ser ganho pelos trotskistas, que são figuras de muito maior brilho do que a mediocridade da burocracia. Mas este ascenso, finalmente, vai ser torpedeado pela derrota da revolução alemã, o que resulta numa retomada do controle do regime pela burguesia na Alemanha e pela burocracia na URSS.

Por fim, Rui explicou que ninguém compreendeu a tomada do poder pela burocracia na hora em que ela ocorreu. Ele conta que o próprio Trótski, anos depois, já no exílio, escreveu que apesar dele e de Lênin terem entendido as condições sociais do Termidor Soviético, só depois se deu conta de que o poder foi tomado em 1924.

“Ninguém, em momento algum, achou que Stálin fosse se aventurar a dirigir a União Soviética.”

Ainda dá tempo de participar!

Se você perdeu alguma aula entre a 9ª e a 1ª, não há problema, na plataforma da universidade é possível acessar todo o conteúdo que foi publicado do curso até então, com as aulas na íntegra, acesso a centenas de verbetes, na Enciclopédia Marxista, textos e livros, na Biblioteca Socialista, além do Fórum para tirar dúvidas, o Blog para ter informações sobre o curso e os grupos de estudo, que terão mais uma reunião no próximo fim de semana.

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