Setores da venal imprensa capitalista, profundamente comprometidos com a política de repressão e terror contra a população trabalhadora, mesmo criticando o que consideraram ser um “exagero” do governador do Estado do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, de comemorar o fuzilamento do jovem negro Willian Silva (20 anos) depois do sequestro do ônibus que atravessava a Ponte Rio-Niterói, elogiaram de forma unânime a ação da Polícia Militar e do seu fascínora Batalhão de Operações Especiais (BOPE) que esteve à frente do episódio.
A suposta correção da ação da PM também foi elogiada por quase toda a esquerda burguesa e pequeno burguesa do Rio de Janeiro, como a deputada Jandira Feghali, que enalteceu a atuação da Polícia, repetindo argumentos vistos na Rede Globo e em outros canais da direita de que “agiu com embasamento técnico, seguiu protocolos e buscou salvar as vidas em risco, numa crise em que cada segundo contava”, ou como o deputado Marcelo Freixo, do PSOL, para quem a “polícia agiu corretamente, errada foi a celebração de Witzel”.
Todos esses defensores que já apoiaram a ação repressiva contra a população trabalhadora do Rio agora se lançaram a fazer coro com a direita com uma operação claramente criminosa de executar uma pessoa doente que ao ser alvejada estava do lado de fora do ônibus e que, depois de ter jogado uma mochila para os policiais e ter dirigido um aceno para os mesmos, foi alvejado com, pelo menos, seis tiros. Isso evidencia que – obviamente – não se tratava de nenhuma ação de um “atirador de elite”, que buscasse imobilizar o jovem para proteger os sequestrados, como se procurou divulgar, mas de um fuzilamento, com várias características das operações criminosas de execução sumária que a PM costuma realizar cotidianamente no Rio de Janeiro e em todo o País.
Essa é mais uma ação repressiva no estado, como a implantação das UPPs (Unidades de Polícias Pacificadoras) nas comunidades operárias para intensificar a repressão e o terror contra a juventude e a população negra e que tem em suas costas centenas de crimes como o desaparecimento do operário Amarildo.
Uma dessas “marcas” foi o fato de que, mesmo depois de “abatido” (como gosta de dizer o governador fascista), o corpo do jovem foi retirado do local, para desmontar a cena do crime, o que poderia comprometer a versão de “eficiência” divulgada pela imprensa e corroborada pela esquerda capituladora.
É evidente que temos aqui uma operação criminosa, planejada, inclusive, com o intuito do governo de tirar proveito do episódio para fazer campanha de tais “atiradores de leite” contra a população de favelas e bairros operários em geral, como vem defendendo. Mais uma vez a PM executa uma sentença que não existia, com a pena capital, não prevista na Lei nacional, quando é evidente que não havia necessidade do assassinato, que só se justificaria caso houvesse explicitamente uma ameaça real e imediata às outras pessoas. Coisa que não aparece no depoimento de nenhum dos envolvidos.
A ação de extermínio, em condições em que seria possível, no máximo – por exemplo -, disparar para imobilizar o jovem, ficou evidente, inclusive nos vídeos divulgados por setores da própria imprensa direitista, como mostra o vídeo abaixo, do sítio O Antagonista.