Demagogia religiosa

Atos bolsonaristas usam medida do STF para demagogia com cristãos

Os atos foram uma tentativa de reedição da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” de 1964, que usou a decisão do STF para fazer demagogia com os evangélicos.

Neste domingo (11), a extrema-direita foi às ruas, em diversas capitais do país, com suas tradicionais camisetas amarelas para pedir intervenção militar com Bolsonaro no poder. Os atos receberam nome de “Marcha da Família Cristã”, uma espécie de reedição da “Marcha da Família com Deus pela Liberdade” que apoiou o golpe militar de 1964. A decisão do STF é usada para fazer demagogia e atrair os evangélicos para política bolsonarista.

O presidente ilegítimo, Jair Bolsonaro (ex-PSL, sem partido), é o maior propagandista no governo pela volta do regime militar no Brasil. Desde sempre, Bolsonaro defendeu que a ditadura matou pouco, incluso aparece em um vídeo dizendo que a ditadura deveria ter matado 30 mil militantes da esquerda. Depois de ser eleito pela fraude, o presidente golpista sistematicamente tem dado sequência a essa propaganda.

A ditadura militar, como se sabe, foi um regime sanguinário que prendeu, torturou e matou milhares de pessoas. O regime militar foi o maior crime cometido contra a população brasileira na história recente do País. Os militares perseguiam as organizações e movimentos populares, bem como, ativistas políticos e todo os setores que se opusessem ao regime. Todos os direitos e liberdades democráticas foram cassados, a população se tornou povo sem direitos.

O bolsonarismo se tornou a expressão de uma extrema-direita que passava desapercebida até os movimentos golpistas que aconteceram entre o período posterior à eleição de 2014 e o golpe de estado em 2016. Até a vitória de Dilma Rousseff sobre o tucano Aécio Neves, a polarização política tinha como principais partidos: o PT (esquerda) e o PSDB (direita).

Após a quarta vitória presidencial do PT, a campanha da imprensa golpista, principalmente da Rede Globo, se intensifica e faz com que as bases da direita tradicional se radicalizem e empurra-as para a extrema-direita. Neste período, os “intervencionistas pelo militarismo” já não passam tão desapercebidos pelos olhos dos observadores.

Durante o desenvolvimento do processo do golpe em Dilma, o movimento fascista foi se desenvolvendo e os confrontos com a esquerda nas ruas se tornaram abertos. Após a queda da presidenta Dilma, o bolsonarismo foi ganhando uma forma mais acabada devido aos ataques de Bolsonaro contra o PT e, ao mesmo tempo, força necessária para garantir a fraude eleitoral de 2018.

Ao chegar no poder do País, tendo como vice o general Mourão (PRTB), Bolsonaro busca estabelecer um governo militarizado com generais nos ministérios e mais de 13 mil militares em postos-chaves. Então, estabelece sua política de ataques contra os direitos dos amplos setores populares, de destruição das condições materiais de vida da população e, com advento da pandemia, contra a vida propriamente dita do povo brasileiro.

Diante dos acontecimentos, a base bolsonarista foi reduzida e com os enfrentamentos, principalmente na capital paulista com as torcidas de futebol organizadas, desapareceram das ruas. Nem mesmo a decisão do judiciário golpista que permitiu a comemoração da criminosa ditadura militar e as decisões favoráveis a restituição dos direitos políticos de Lula pelo STF, foram capazes de impulsionar a mobilização dos bolsonaristas.

A decisão do STF que proíbe as atividades religiosas presencias nos templos, igrejas e afins contrariou os pastores evangélicos adeptos do bolsonarismo. Associados aos políticos da extrema-direita investiram na demagogia religiosa e prepararam os atos desse domingo em todo o país, supostamente contra a proibição emitida pela Corte. As manifestações contaram com caravanas, carros de som, faixas. E, como não poderia faltar, contaram com o bom e velho apoio da Polícia Militar.

Neste sentido, uma discussão se faz importante, uma vez que, a esquerda totalmente desorientada por suas direções, em virtude da falta de uma política definida e de um programa de luta, defendeu a decisão do STF e, portanto, a proibição das atividades religiosas presenciais. Evidentemente, essa resolução é uma disputa política que em nada tem a ver com a esquerda de conjunto e apoiar essa medida só contribui para empurrar os evangélicos para o bolsonarismo.

Em geral, a esquerda se orienta pela emoção e acaba sempre caindo sempre na mesma arapuca. Têm sido constantes os erros em apoiar as decisões do STF. Apoiaram a decisão de vacina obrigatória sem sequer existir vacina. Transformaram o mesmo Gilmar Mendes que impediu a posse de Lula como ministro no governo Dilma, em herói por votar a suspeição de Sergio Moro. O mesmo aconteceu com o ministro Fachin que agora defende reverter a decisão da suspeição de Moro.

O caso do golpista Alexandre de Moraes, que mandou prender o deputado federal Daniel Silveira (PSL-RJ) por supostamente pedir o AI-5, demonstra a ingenuidade a esquerda. O mesmo STF, que nunca tomou qualquer medida contra Bolsonaro diante das atrocidades ditas por ele, tampouco teve qualquer iniciativa diante de decisão favorável da Justiça que permite a comemoração da ruptura institucional de 1964.

A esquerda que nas eleições abdicou de sua cor vermelha, que negou comunismo e seus símbolos como a foice e martelo na tentativa de conquistar a base bolsonarista; agora toma partido de uma disputa que ela mesmo só tem a perder e o bolsonarismo a ganhar. É preciso que toda esquerda adote um programa de luta no sentido de não cair em manobras que não passam de distracionismo político.

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