Sob a liderança da nova direção executiva da Central Única dos Trabalhadores (CUT), realizou-se em Brasília na última quarta-feira (dia 30), um ato convocado “contra a política econômica do governo de Jair Bolsonaro (PSL), comandada pelo ministro da Economia, o banqueiro Paulo Guedes“, conforme anuncia o próprio balanço do evento apresentado pelo sítio oficial da entidade.
A iniciativa da CUT, agora presidida, pelo sindicalista Sérgio Nobre, contou com a participação de dirigentes de outras “centrais”, como a Força Sindical (cujo presidente licenciado é o presidente do Partido Solidariedade que votou a favor das miseráveis “reformas” trabalhista e da Previdência) e da UGT (ligado ao PSDB e que junto com o a FS, sabotou a greve geral de 14 de junho), além da CTB (comandada pelo PCdoB), da CSB (ligada ao MDB) e da Intersindical (PSOL). Também compareceram dirigentes do PT (como sua presidenta Gleisi Hoffmann e o líder da bancada na Câmara, Paulo Pimenta), do PCdoB e do PSOL (como o ex-candidato presidencial do Partido, Guilherme Boulos).
Poucas semanas depois que a CUT realizou seu 13༠ Congresso Nacional (ConCUT) e deliberou como eixos “o desenvolvimento de duas lutas imediatas e articuladas: a luta pelo fim do governo Bolsonaro, que significa a queda do bloco político que o sustenta e não só do presidente. E a luta pela soberania popular, com novas eleições, livres, justas e plenamente democráticas, que só podem acontecer com Lula livre e participando ativamente do processo político” (da Resolução do Concut, sobre Estratégia; grifos nossos), o ato realizou-se sem que essas questões ocupassem o centro da mobilização. Em outras palavras, nem o “Fora Bolsonaro”, nem o “Lula livre já!’, foram os eixos do ato, mas uma suposta luta contra a política econômica e em defesa da soberania, fórmulas vagas defendidas justamente pelos setores que não defendem a liberdade de Lula e nem querem luta pelo fim do do governo Bolsonaro.
Ficou evidente que a direção da CUT, a maior organização dos trabalhadores do País (de longe) fez um acordo com esses setores, rebaixando a política decidida em seu Congresso, mas o que se viu na manifestação foi que isso de nada adiantou (como nunca ocorreu) para promover uma ampliação da manifestação como se pretendia supor.
No ato, a maioria das demais forças, contrárias aos eixos aprovados no Concut apareceram apenas para fazer discursos genéricos e vazios e, o mais importante, em meio a um enorme agravamento da crise, quando há uma verdadeira rebelião dos trabalhadores latino americanos contra os governos golpistas e neoliberais e quando se aprofunda a crise do governo ilegítimo de Bolsonaro, o ato deixou de apresentar qualquer perspectiva real diante da situação se limitando a apresentar conclusões tão óbvia quanto inúteis como a de que “dizer que o Paulo Guedes e o presidente Bolsonaro não são donos do Brasil, que eles têm que respeitar o povo brasileiro e a nossa soberania”, como afirmou o presidente da CUT Nacional, Sérgio Nobre, no início da marcha.
O ato de Brasília, realizando três dias depois do grande e combativo ato e das atividades realizadas em Curitiba, pela liberdade de Lula, por ocasião dos seus 74 anos (sem a presença da maioria dos dirigentes que foram discursas na capital federal), contrasta com aquele justamente por não apontar um eixo concreto para a mobilização dos trabalhadores e reforçar um caminho seguido até aqui pela maioria da burocracia sindical e pelas direções da esquerda pequeno burguesa, que só resultaram em derrotas dos trabalhadores e das suas lutas.
É claro que havia vozes dissonantes e setores na manifestação, como o PCO e alas do PT, que participaram do ato de domingo e de quarta e que compreendem ser necessário trilhar outro caminho. O caminho apontado na Plenária dos Comitês, realizada no domingo à tarde em Curitiba, que apontaram a necessidade reforçar a mobilização em torno do Lula livre Já e do “Fora Bolsonaro, levantando ao mesmo tempo as reivindicações centrais dos trabalhadores diante da crise, como a luta contra o desemprego (pela redução da jornada para 35 h semanais) e contra as privatizações.
É preciso confrontar as perspectivas apontadas por esses dois atos para apontar uma perspectiva de luta e de superação das derrotas nos próximos passos que o movimento de luta dos trabalhadores terá que dar.