No último sábado (14), o coração da atividade petrolífera da Arábia Saudita foi devastadoramente atacado por drones, destruindo boa parte do campo de Khurais e da planta de processamento de Abqaiq, no leste do país. Ambas as instalações pertencem à Aramco, companhia estatal de petróleo do reino saudita.
Os danos foram enorme: a produção petrolífera da Arábia Saudita caiu pela metade e, como Riad é o maior produtor de petróleo do mundo, isso fez com que a produção mundial despencasse 5%. O preço do barril chegou a aumentar em 20%, maior índice desde a Guerra do Golfo, em 1991.
O ataque com drones foi reivindicado pelos houthis, grupo rebelde do Iêmen que combate os sauditas desde 2015. Esse grupo luta contra o presidente do Iêmen, Abdrabbuh Hadi, que se exilou na Arábia Saudita, desde a saída do ex-presidente Ali Abdulla Saleh, e conta com o apoio do Irã e do Hezbollah, enquanto que o “governo” iemenita é um fantoche do imperialismo e recebe apoio direto para esmagar sua própria população. Na realidade, o país não tem um governo no momento.
Os houthis são o principal grupo armado de resistência contra os ataques sauditas, dominando uma parcela do país.
O que a Arábia Saudita faz no Iêmen tem sido caracterizado até mesmo por entidades internacionais como crimes de guerra. Os bombardeios são diários e indiscriminados, matando crianças, mulheres e idosos. Atualmente, 24 milhões de iemenitas dependem urgentemente de ajuda humanitária para sobreviver – 80% da população não consegue viver sem a ajuda internacional. E, no final de 2017, os sauditas simplesmente bloquearam todos os acessos (terrestre, marítimo e aéreo) ao país.
A crise humanitária no Iêmen é a maior do mundo e, conforme declarações do subsecretário da ONU para assuntos humanitários na época, Mark Lowcock, o país sofre “a maior fome que o mundo já viu em décadas, com milhões de vítimas”. São mais de 7 milhões de iemenitas passando fome atualmente e devido à catástrofe imperialista no país, que já era o mais pobre do Oriente Médio, existe uma epidemia de cólera que deixou milhares de mortos.
Conforme um relatório publicado neste mês por especialistas da ONU, os países imperialistas têm um papel fundamental nesse massacre. EUA, Reino Unido e França, dentre outras nações europeias, vendem armas, munições e informações para facilitar os ataques aos houthis, ataques que se generalizam para toda a população.
A coalizão encabeçada pela Arábia Saudita recebe o apoio público desses países, como membros do Conselho de Segurança da ONU.
Portanto, não importa a ideologia e a política dos houthis. Eles estão apenas se defendendo de ataques brutais contra o povo do Iêmen, desferidos pelas maiores potências genocidas do mundo. Não há nada mais bárbaro do que a agressão imperialista, que destrói países miseráveis – como o Iêmen – para roubar seu petróleo e escravizar seu povo. É contra isso que os houthis estão lutando, na prática.