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Memórias Póstumas

Atacado no Brasil, Machado de Assis é redescoberto no estrangeiro

Versão em língua inglesa de Memórias Póstumas de Brás Cubas esgotou em um dia, mostrando que o autor está entre os grandes da literatura mundial

No último dia 2 de junho, uma nova versão em inglês do clássico da literatura brasileira e da língua portuguesa, Memórias Póstumas de Brás Cubas, pelo selo Penguin Classics foi esgotada em um dia. A notícia, apesar de muito interessante, não parece, à primiera vista, ter grande importância.

No entanto, o interesse pela obra, escrita por Machado de Assis em 1881, no exterior, em particular um País de língua inglesa e, por ser um País imperialista, normalmente distante do que é feito nos países atrasados, sucita um debate importante. Esse interesse não é fortuito. Ele mostra que a obra de Machado, apesar de todos esses obstáculos, está entre os maiores clássicos da literatura mundial: “É uma obra-prima brilhante e uma leitura de absoluta alegria, mas, sem nenhuma boa razão, quase nenhum falante de inglês no século 21 o leu”, afirma trecho da introdução da nova versão em inglês do livro, escrito pelo norte-americano Dave Eggers.

Machado de Assis é reconhecidamente o maior romancista brasileiro. Essa afirmação poderia e deveria ser absolutamente tranquila de ser feita, mas não é assim que funciona. Não porque no Brasil existam outros escritores de grande estatura que chegam próximo a Machado, de fato o País tem alguns deles.

A contestação de tal afirmação vem, no entanto, de setores de alguns setores nas universidades, normalmente ligados à esquerda pequeno-burguesa. Uma certa corrente nos maios universitários que procuram rebaixar, sem nenhum motivo aparente, a grande produção literária de Machado de Assis.

Em geral, a contestação de sua obra está relacionada não a uma análise literária mas a preconceitos e considerações em sua maioria falsas sobre a vida e as posições políticas e sociais do escritor.

A boa e velha calúnia substitui a apreciação da obra por si só. Entre essas calúnias está por exemplo a de que Machado, embora negro, seria indiferente à questão da escravidão. Tal posicionamento não tem base real. Na realidade o que se faz é a partir de posicionamentos vagos do autor deduzir uma concepção de mundo que não é a dele. Mas o pior de tudo é a transposição de uma suposta posição política para sua literatura. Ou seja, a qualidade de sua obra estaria anulada por conta dessa posição.

Outra calúnia é a de que Machado seria “aristocrático”, o que demonstraria que o autor é um “eurocêntrico”, ou seja, um inimigo dos brasileiros.

Sobre a negritude e a presença do negro em Machado de Assis, uma obra importante e que se coloca como uma exceção pelo seu objeto foi escrita e organizada pelo professor da UFMG, Eduardo Assis Duarte, Machado de Assis afrodescendente.

Qual o sentido dessa campanha? O objetivo é atacar a cultura nacional. É preciso que o povo brasileiro tenha vergonha de sua cultura, não orgulho. Isso serve, logicamente, aos colonizadores, que não querem um País politicamente forte. Esse ataque passa por um ataque cultural.

Ao invés de valorizar Machado de Assis como um dos grandes escritores da literatura mundial, a pequena-burguesia universitária prefere ataca-lo. Ao invés de valorizar o fato de que Machado de Assis era um autodidata, descendentes de escravos, preferem ataca-lo por “não se interessar pela questão da escravidão”.

Guardadas às proporções, esse tipo de ataques acontecem em outros setores da cultura nacional. No futebol, há um esforço do imperialismo, reproduzido pela classe média, de que o Brasil não teria o melhor futebol do mundo nem mesmo os melhores jogadores do mundo, com particular ataque a Pelé, o maior de todos.

Na música, embora os rítimos brasileiros sejam reconhecidos internacionalmente como os mais ricos, há uma enorme pressão para que o povo não valorize a música nacional. A classe média é colocada em contato com a música estrangeira e as camadas mais pobres são bombardeadas pelos monopólios da música meramente comercial.

É dever de qualquer organização popular defender a cultura do País, em especial os representantes do povo. Machado de Assis, um negro, morador da favela no Rio de Janeiro, autodidata, brasileiro, transformou-se num dos maiores escritores do mundo. Ele é produto do povo brasileiro.

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