Marcelo Antonio Siqueira, cargo comissionado, auxiliar parlamentar pleno do gabinete do senador Flávio Bolsonaro (PSL), em grupo de WhatsApp de assessores do Senado, enalteceu as atividades das milícias do Rio de Janeiro.
Após um integrante do grupo questionar os 39 kg de cocaína apreendidos com um militar da comitiva presidencial na Espanha: “E não eram as universidades que estavam cheias de drogas?” Siqueira respondeu: “As universidades em geral estão todas umas drogas…as públicas então…um abraço do PCC, CV, 3º Comando, etc!!!” e tornou a ser questionado: “Tipo milícia do Rio de Janeiro?”. “Vixi! Faltaram as milícias não é?”, escreveu outro integrante do grupo.
Como um legítimo assessor bolsonarista, Siqueira concluiu: “As milícias de uma forma em geral enfrentam o tráfico de drogas que o Estado deveria se impor mas que muitas vezes é omisso!!! Miliciano não se mistura com traficantes!!!”
A família Bolsonaro não tem mais como esconder suas relações com as milícias paramilitares. É preciso lembrar que os Bolsonaro sempre defenderam as milícias em seus discursos, vide exemplos de Jair em 2003:
E em 2008:
Já Flávio Bolsonaro, então deputado em 2004, homenageou o major Ronald Paulo Pereira com uma moção de louvor na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Também afirmou em 2007 na Alerj: “A milícia nada mais é do que um conjunto de policiais, militares ou não, regidos por uma certa hierarquia e disciplina, buscando, sem dúvida, expurgar do seio da comunidade o que há de pior: os criminosos… Eu não me importaria em pagar R$ 30,00 ou R$ 40,00 para ter mais segurança, para não ver meus filhos aliciados por traficantes… Façam consultas populares na comunidade do Rio das Pedras, na própria favela do Bata.”
O major Ronald Paulo Pereira foi o único ainda não julgado no caso de uma chacina em 2003 onde quatro jovens foram assassinados por policiais, tendo quatro policiais militares já condenados pelo crime.
Três meses depois da chacina, Flávio aprovou uma moção de louvor ao major na Assembleia Legislativa do Rio “pelos importantes serviços prestados ao estado do Rio de Janeiro”.
Pereira foi preso, apontado como um dos principais integrantes da milícia da Muzema, na Zona Oeste do Rio.
Flávio também homenageou o ex-tenente da PM Adriano Magalhães da Nóbrega na Assembleia Legislativa: “por ser um policial que desenvolvia sua função com dedicação e brilhantismo”. A mãe e a mulher do ex-tenente foram funcionárias do gabinete de Flávio. O tenente segue foragido e caçado, acusado de ser chefe de milícia.
Neste caso de Magalhães, Flávio o homenageou mais uma vez. Conseguiu que a Assembleia Legislativa lhe concedesse a Medalha Tiradentes, maior honraria do Estado. Magalhães da Nóbrega foi expulso da PM em 2014.
Até o jornalista coxinha do Globo, Ricardo Noblat, denunciou a relação entre família Bolsonaro e milícias:
“Raimunda Veras Magalhães, mãe do ex-tenente, está na lista dos funcionários do gabinete de Flávio que fizeram depósitos na conta do ex-assessor Fabrício Queiroz. Flávio disse que ela foi contratada por Queiroz. O ex-assessor confirmou.
Flávio voltou a repetir que é vítima de uma campanha de difamação por ser filho de quem é. E Queiroz explicou que contratou a mãe e a mulher de Magalhães da Nóbrega só porque ele estava preso. Quis apenas ajudá-lo.”
A direita costuma atribuir à esquerda pautas de direita, com o intuito de mascarar seu programa reacionário. Diz que a esquerda é defensora de bandidos, que a esquerda tem bandidos de estimação. Porém, fica claro que a direita (que está no governo) é quem “defende bandidos” e quem possui “bandidos de estimação”.