Nota do Coletivo João Cândido sobre as declarações do presidente racista da Fundação Palmares
No dia 2 de junho de 2020, veio a público uma gravação em que o presidente da Fundação Palmares dispara uma série de ataques ao movimento negro brasileiro. Embora nenhuma das declarações cause de fato surpresa, uma vez que Sérgio Camargo nunca escondeu que é um “preto de alma branca”, um negro a serviço dos setores mais reacionários e fascistas da burguesia, elas escancaram que sua função no governo Bolsonaro é a de perseguir e intimidar violentamente os seus adversários. Em um trecho da gravação, Camargo chega a dizer que vai obrigar todos os diretores da Fundação Palmares a denunciarem os “esquerdistas” que estariam empregados no órgão.
Os ataques de Sérgio Camargo ao movimento negro não são por acaso. Na atual etapa de crise capitalista, a burguesia está organizando um aparato de repressão cada vez mais violento para tentar conter, pela força, a reação dos trabalhadores à política neoliberal. Ao mesmo tempo que Camargo declara guerra ao povo negro, o ministro da Educação, Abraham Weintraub, persegue cada vez mais os professores, estudantes e reitores que se opõem ao regime, os latifundiários estão cada vez mais armados contra os sem-terra e indígenas no campo e as Forças Armadas dão ordens explícitas aos ministros do STF.
Todo o aparato de guerra que a burguesia está preparando para controlar o povo e impor o seu programa de terra arrasada, contudo, não é capaz de deter a mobilização dos trabalhadores. Neste sentido, o caso norte-americano é exemplar: a mobilização fez com que a extrema-direita entrasse na defensiva e o próprio presidente Donald Trump se escondesse em um bunker.
As mesmas tendências explosivas que se verificaram nos Estados Unidos já começam a se expressar no Brasil. Nas manifestações contra a extrema-direita em São Paulo e em Curitiba, os militantes bolsonaristas fugiram para não serem massacrados pela fúria popular ou precisaram ser fortemente escoltados pela polícia. As condições para o enfrentamento são cada dia mais favoráveis.
Diante dessas condições, o Coletivo de Negros João Cândido convoca todas as organizações do movimento negro para um ato público em frente ao prédio da Fundação Palmares, em Brasília. O momento exige que o povo negro e todos os demais setores pisoteados pelo governo Bolsonaro rejeitem qualquer aliança com a burguesia golpista, seja por meio de manifestos, seja por meio do Congresso, e se mobilize para fazer justiça com as próprias mãos.
Companheiros do movimento negro, sigamos o exemplo dos protestos nos Estados Unidos: é hora de agir, com força e com fogo, é hora de se livrar da escória maldita que tomou de assalto a Fundação Palmares!