Nesta quinta-feira (3), o presidente do PCO, Rui Costa Pimenta, participou de mais um “Café da Manhã” com Leandro Fortes, na TV DCM. As manifestações do dia 29 e as próximas marcadas para 19 de junho foram os principais temas discutidos. O programa ocorre toda quinta-feira a partir das 8h30.
Sobre o discurso de Bolsonaro na quarta-feira (2), Rui afirmou que é uma reação natural dele em um momento difícil do seu governo. “Ele está apostando, tentando capitalizar o que ele acredita que vai acontecer, que é uma melhoria da situação econômica – o que não será uma recuperação econômica, mas buscar um pouco a economia num patamar extremamente baixo que ela caiu com a situação de crise –, mas isso dará uma sensação para muitas pessoas de que há evidentemente uma situação econômica melhor. (…) Ele já está tentando capitalizar politicamente em torno desta expectativa”.
Além disso, existem previsões de que até o fim do ano o Brasil poderá ter vacinado um número de pessoas grande para conter a pandemia. Portanto, no terreno da propaganda política pura, é muito difícil colocar o governo Bolsonaro contra a parede, mas com mobilizações populares sim, à medida em que as manifestações crescerem.
O PCO previu que as mobilizações do último dia 29 de maio fossem “relativamente grandes”. Mas elas superaram essas expectativas, pois foram muito grandes. “Foi uma mobilização espetacular. Mostrou que todo um setor da população – e eu acho que esse setor representa uma grande parte da população brasileira – estava contido que nem uma mola, diante da pressão da pandemia, para sair às ruas e se fazer ouvir. A mobilização em São Paulo foi muito muito muito grande. Muito acima do que eu esperava. Eu esperava uma manifestação de grande porte, mas nada parecido com o que aconteceu”, disse.
Na terça-feira (1), eu estava falando que a coisa mais importante era dar imediata continuidade à manifestação. Felizmente as organizações que organizaram o ato do dia 29 já se reuniram e já marcaram o dia 19 [de junho]. Está tudo caminhando como deveria nesse momento. No dia 19 nós temos que apostar numa explosão de manifestação popular. 1 milhão de pessoas nas ruas, pelo menos, no Brasil inteiro. Os atos têm que ser grandiosos, tem que ser uma impugnação muito forte do governo Bolsonaro. É importante deixar claro que o ato está pedindo explicitamente ‘Fora Bolsonaro’! O ato não fala em impeachment, fala ‘Fora Bolsonaro’, o que na minha opinião é mais do que o impeachment, é o objetivo dos movimentos populares de derrubar efetivamente o governo. E, se derrubar o governo, não é o governo Mourão que vai segurar a onda
O movimento é importante porque coloca as reivindicações do momento: auxílio emergencial e vacinação para todos. Outra coisa importante sobre o ato é a participação dos partidos políticos de esquerda na organização do movimento, ao contrário de 2013 que teve o MPL (Movimento Passe Livre) que nem carro de som tinha a capacidade de colocar nas ruas. A questão da candidatura de Lula também foi algo muito presente nos atos, é um ato que se coloca numa perspectiva, o que é algo muito positivo.
Sobre a não participação de Lula no ato de 29 de maio, Leandro Fortes afirmou que ouviu de fontes próximas ao ex-presidente que ele estaria com muita vontade de ir. Na reunião para marcar o ato em 19 de junho, o PCO e outros companheiros colocaram a necessidade de convidar o ex-presidente Lula a participar da manifestação. “Uma coisa muito importante sobre essas manifestações é o seguinte: nós não podemos deixar de definir claramente 1º: qual é o sentido da manifestação; 2º quem é a direção da manifestação; e colocar que a contra-partida inevitável de toda essa grande mobilização popular é a derrota do Bolsonaro e a eleição do Lula. Digamos assim, é a saída natural. Não é uma opção partidária. É o que o próprio movimento coloca objetivamente, não é simplesmente uma escolha de algumas pessoas”.
Uma coisa que é preocupante e que não podemos deixar a “bola cair”. A manifestação não é “sem pai nem mãe”. Ela foi criada, impulsionada e organizada pela esquerda brasileira. A direita não tem nenhum crédito a utilizar essas manifestações como aconteceu em 2013. Nesse sentido, a questão do Lula é importante. Segundo Rui, “pode não haver unanimidade, mas existe uma maioria muito clara a favor do Lula. Acho que nós não temos tempo a perder. Não estamos em uma situação que dá para a gente ficar fazendo uma manobra aqui e outra ali. Acho que nós temos que avançar, ir para cima, dar corpo à coisa. A presença do Lula na manifestação faria crescer a manifestação, não diminuiria de jeito nenhum”.
Inclusive, a presença de Lula nos atos favorece sua posição jurídica diante do STF e da Justiça em geral. Um candidato que se mostra com uma força consolidada é mais difícil de ser derrotado política e juridicamente. A força de Lula demonstrada nas ruas vai fazer crescer o ônus de qualquer atitude antidemocrática contra ele.
Num certo sentido, as mobilizações começaram com o PCO quando saiu em 31 de março e em 1º de maio. “Mas quem começou não é decisivo. A manifestação é organizada por todos os partidos de esquerda – houve até algum setor contra, mas esse setor já mudou de posição. (…) E o Lula, como parte da esquerda nacional, tem todo o direito de participar da manifestação. Ele é a principal liderança da esquerda, isso não pode ser descartado. É uma questão inclusive de democracia, é um direito democrático do PT de aparecer lá nessa frente única como o partido de maior envergadura com a maior liderança político. Acho que nós não podemos ficar refém de críticas que a burguesia já está, em certo sentido, começando a fazer. Já começou a aparecer na imprensa o negócio de que a manifestação é muito partidária. Seria bom a gente deixar claro aqui uma coisa: junho de 2013 não vai se repetir”.
Da parte do PCO, podemos dizer: “Nem tentem fazer aquilo de novo. É uma vez só. Na primeira vez você pode ser pego desprevenido, mas da segunda vez não senhor! Se aparecer lá um pessoal daquele a coisa vai ficar muito feia na manifestação”, concluiu Rui.