Há quinze meses, desde quando assumiu o governo como resultado da maior fraude eleitoral que o País já registrou, Bolsonaro e os diversos setores das classes dominantes que à ocasião lhe hipotecaram apoio não hesitaram um só momento em aplicar contra os trabalhadores e as massas populares os mais duros ataques, retirando direitos e liquidando com conquistas sociais históricas (previdência, direitos trabalhistas, etc).
Já no segundo mês do seu desastroso e trágico governo, em fevereiro de 2019, Bolsonaro foi alvo das maiores hostilidades e repúdio por parte da população, que manifestou seu descontentamento com o representante oficial dos golpistas durante a maior e mais importante festa popular do País, o Carnaval. Durante quatro dias, em todas as regiões do território nacional, o grito que se fez presente nas ruas e praças foi o “ei Bolsonaro vai tomar…”, junto também ao “Fora Bolsonaro”, que tomou conta do Brasil.
A esquerda brasileira, no entanto, parece não ter entendido o recado dado pela população, não só há cerca de um ano atrás, quando começaram os protestos contra o governo fraudulento, mas ao longo de todo o ano, ignorando o grito das ruas pelo “Fora Bolsonaro”, em várias oportunidades, em manifestações, atos e protestos que ocorreram durante todo o período anterior. Acovardada, a esquerda nacional se limitou a realizar tímidas e inócuas ações no parlamento, que nada acrescentaram à luta para fazer organizar e crescer o movimento de massas. Ao contrário, a atuação da esquerda na “luta institucional” só trouxe, além da confusão e dispersão, derrotas e mais derrotas para o movimento dos trabalhadores.
Neste momento agora, onde o acirramento das contradições e o agravamento da crise econômica está deixando às claras o espetacular fracasso da operação golpista de 2016, colocando o governo Bolsonaro na UTI, cresce em todo o País as manifestações e os protestos para colocar fim ao governo burguês-golpista e toda a operação que elegeu o ex-capitão do Exército. A finalidade precípua do golpe não foi outra senão atacar os direitos sociais das massas e instalar no País um regime de extrema-direita, criando as condições para que os capitalistas e a burguesia financeira internacional impusessem ao povo brasileiro o mais duro ataque às suas condições de vida.
O fato é que há neste momento uma verdadeira rebelião popular contra o governo de destruição nacional, que ainda só se mantém de pé em função da mais absoluta inércia e paralisia da esquerda nacional. Um exemplo claro desta situação se deu na desmarcação dos atos de protestos que estavam agendados para os dias 14 e 18 deste mês, substituídos por “panelaços” nas diversas capitais. Todavia, mesmo diante desta postura inaceitável dos dirigentes das entidades responsáveis pela organização dos atos, o fato é que o “Fora Bolsonaro” voltou a se manifestar como grito de protesto contra o governo golpista. O “Fora Bolsonaro” como grito nos “panelaços” evidenciou de forma clara que se os atos tivessem sido mantidos, teríamos centenas de milhares de manifestantes nas ruas de todo o País, pois este é o desejo da maioria nacional, ir às ruas para exigir o fim do governo fascista, de extrema direita, ameaçador e golpista.
É preciso superar a confusão e a paralisia e aproveitar os elementos de crise que estão presentes na conjuntura (crise econômica, crise do coronavírus) para deslanchar uma ofensiva contra o moribundo governo. A CUT e as demais organizações devem remarcar os atos para uma nova data, a mais imediata, colocando em movimento a energia social que cresce em todo o País como repúdio ao governo Bolsonaro e ao regime burguês em seu conjunto.