As eleições de 2020 estão marcadas como uma das mais controladas pela burguesia, seja pelo controle interno, dentro da Justiça Eleitoral, seja pelo controle da propaganda, da imprensa golpista, e dos candidatos, de conjunto. Não existe campanha de verdade, o que existe é uma ditadura disfarçada de eleição.
A esquerda, ao contrário do que se poderia pensar, simplesmente “esqueceu” que o País sofreu um golpe de Estado, que o ex-presidente Lula está sem direitos políticos e que a direita está tomando conta da quase totalidade do Estado, a começar pelo Executivo nacional, na pessoa do representante da repressão, Jair Bolsonaro.
Dentro desse cenário, as candidaturas da esquerda que não colocam esse problema estão fazendo apenas demagogia e um teatro eleitoral asqueroso, sem levar adiante as reivindicações centrais do povo trabalhador, nem falar da questão do negro.
Até aqui, tudo que se viu foram as palmas para o Magazine Luiza, por ter cotas para seus cursos de executivos, ou o apoio ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), quando este determinou as cotas raciais em 2022 nas eleições e a obrigação de distribuição do Fundo Eleitoral, em 2020, proporcional às candidaturas negras.
Tudo isso é apontado como uma “grande vitória”, que são passos “fundamentais” da luta do negro. Quando, na verdade, não passa de demagogia, no caso da Magazine Luiza, e de puro cinismo do TSE, que é uma corte abertamente ditatorial, não eleita, e uma das signatárias do golpe, e responsável por tudo que o Brasil está sofrendo nas mãos da direita.
Mesmo para organizações minimamente democráticas (sem falar das revolucionárias) não é possível esperar que a eleição resolva o problema do negro, porque até agora, não resolveu. A esquerda busca fazer uma campanha individual, tipicamente burguesa, de que um determinado fulano vai resolver os problemas do negro, da mulher, do povo etc.
A questão do negro não vai ser resolvida por meio de mais um processo eleitoral fraudulento, inclusive, mais tão ou mais fraudulento que os realizados durante a ditadura militar. Pelo contrário, a tendência dessas eleições é fortalecer, no Executivo e Legislativo municipal, o poder dos bolsonaristas, justamente os inimigos do povo negro.
A participação eleitoral só teria esse sentido: de denunciar o golpe de Estado, fazer propaganda das reivindicações do povo, como o fora Bolsonaro e buscar organizar o povo para lutar contra o regime repressivo, por direitos democráticos, contra os ataques da direita.
Outra questão fundamental é a luta contra o encarceramento em massa, defendido pelos golpistas, pela direita. Nenhum candidato, à exceção do PCO, coloca a questão da necessidade de libertar os presos brasileiros, pelo único fato de que a cadeia é um campo de concentração, o que mostra o conluio dos candidatos com outro inimigo do povo negro: o sistema penal.
A única forma da situação do negro mudar, mesmo que minimamente, é através de um programa de luta, de mobilização da população negra em torno de suas reivindicações fundamentais, como, especialmente agora, a dissolução da Polícia Militar, tão dileta dos poderosos e bolsonaristas.