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Colonialismo europeu

As atrocidades no Congo e o holocausto africano

Como o imperialismo faz hoje, rei Leopoldo II alegava que levaria a civilização e assistência humanitária para a população local

Durante duas décadas, entre o final do século XIX e o começo do século XX, o Estado Livre do Congo constituiu um reino privado sob o comando do rei da Bélgica, Leopoldo II. Sob a administração privada de Leopoldo II, a população do Congo sofreu uma drástica diminuição. Sem estatísticas oficiais da época, o que se tem hoje para dar a dimensão do massacre em massa cometido no Congo são as estimativas, que variam de 2 milhões a 13 milhões o declínio populacional durante o controle do rei Leopoldo II sobre o país.

Como no caso de tantas políticas genocidas levadas adiante no terceiro mundo, a brutalidade da exploração do Congo poderia ser comparada aos horrores provocados pelos nazistas na Europa. No entanto, justamente por não ter acontecido na Europa, a comoção é muito menor. Cinicamente, Leopoldo II conseguiu a concessão de um vasto território em torno da Bacia do Congo alegando razões de “caridade”. Trata-se de um retrato contundente do colonialismo europeu e do cinismo dos impérios da época, e de hoje.

Conferência de Berlim

Mesmo antes de assumir o trono, em 1865, Leopoldo II da Bélgica já tinha ambições de expansão colonial, levando adiante uma atividade lobista para tentar obter a concessão de algum território fora da Europa. Em 1885, o rei belga conseguiu a concessão do território que procurava.

Durante a Conferência de Berlim, organizada por Otto von Bismarck para que as potências imperialistas europeias organizassem a repartição da África, um território de 2,600,000 km², oito vezes o tamanho da própria Bélgica, foi dado a uma instituição de “caridade” controlada por Leopoldo II. O rei belga dizia querer levar a “civilização” e assistência humanitária para o coração da África. E assim, em nome da filantropia, Leopoldo II organizou um esquema de exploração dos recursos naturais e da mão de obra que levou à brutalidade e a atrocidades sistemáticas contra a população do Congo.

Matanças e mutilações na exploração da borracha

O pai Nsala de Wala olha desolado para a mão e pé decepados da filha de apenas 5 anos. Foto de Alice Seeley Harris, 1904.

Até o começo da década de 1890, a colônia privada de Leopoldo II não dava o lucro esperado, levando a fortuna pessoal do rei à beira da ruína. No entanto, naquele momento houve um drástico aumento de demanda por borracha, produto que existia em abundância no Estado Livre do Congo dominado privadamente pelo rei da Bélgica. Foi nesse momento em que a exploração se intensificou por meio dos métodos mais cruéis e desumanos.

Antes, Leopoldo II tinha determinado o domínio do Estado sobre todas as terras “desocupadas” do Congo. Depois, por meio de um decreto, estabeleceu que todos os congoleses deveriam pagar impostos ao Estado, sem que sequer houvesse uma moeda local, de modo que os congoleses eram obrigados a pagar esses “impostos” por meio de trabalhos forçados.

As terras “vazias” tomadas pelo Estado para terem seus recursos naturais, marfim e, principalmente, a borracha, explorados, eram concedidas pelo Estado para que determinadas companhias as explorassem. A maioria dessas companhias eram ligadas ao próprio rei Leopoldo II, que dessa forma explorava um país oito vezes maior do que o seu e com milhões de pessoas como se fosse uma fazenda particular.

Para aumentar a produtividade, eram estabelecidos prêmios para os responsáveis por cada território, que eram encarregados de explorar a população local sem nenhum tipo de regra ou legislação para regular essa atividade. Assim, o fuzilamento e a mutilação passaram a ser usados em larga escala para punir os trabalhadores escravizados que tivessem baixa produtividade. Milhões de pessoas foram assassinadas e mutiladas, incluindo crianças pequenas forçadas a trabalhar. Particularmente as imagens de pessoas mutiladas provocaram um escândalo internacional na época, que levaram a uma grande campanha de denúncias na Europa, inclusive na Bélgica, contra o empreendimento do rei.

Relatório e denúncias

Na época, muitos relatórios e testemunhos surgiram narrando as atrocidades cometidas pelas autoridades no Estado Livre do Congo e por tropas nativas comandadas pelos europeus. Publicado em 1904, o Informe Casement ganhou particular notoriedade, com o relatório de Roger Casement, Cônsul Britânico no Estado Livre do Congo, denunciando a natureza das atrocidades cometidas na região.

Roger Casement, Cônsul Britânico no Estado Livre do Congo e autor de um informe sobre as atrocidades cometidas na região

Posteriormente, defensores do colonialismo tentaram negar as informações do relatório acusando seu autor de não ser confiável, dada sua participação na luta pela independência da Irlanda e sua consequente condenação por traição em 1916. Seus relatos, no entanto, coincidiam com outros informes, em geral produzidos por missionários religiosos, incluindo católicos belgas, e os próprios relatório encomendados por Leopoldo II, que deixavam escapar pelas entrelinhas as atrocidades que se cometiam na região. Além de todos esses informes, um relato ficcional também apontava o horror do domínio de Leopoldo II no livro Coração das Trevas, de Joseph Conrad, hoje um grande clássico da literatura inglesa.

Fim do Estado Livre do Congo

Diante do escândalo internacional provocado em torno da questão, em 1908 o Estado Livre do Congo chegaria ao fim, e seria anexado pela Bélgica, tornando-se o Congo Belga, até se tornar independente em 1960. Um ano depois da independência, o presidente da recém fundada República Democrática do Congo, que tinha lutado pela independência, Patrice Lumumba, foi assassinado pela CIA. Derrotado o colonialismo belga no país, outra potência imperialista já estendia seu domínio sobre o Congo.

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