No último final de semana, logo após o ato de 1º de maio, o Comitê Central do Partido da Causa Operária (PCO) se reuniu para fazer um balanço do ato nacional na Praça da Sé, que contou com milhares de pessoas e foi o único ato do Dia dos Trabalhadores de toda a esquerda nacional.
O PCO deliberou que, diante da grande vitória política para os trabalhadores com o 1º de maio classista, independente e de luta, é necessário ampliar a mobilização popular pelas reivindicações mais prementes da classe operária, como auxílio emergencial de ao menos um salário mínimo e vacinação para todos com a quebra das patentes.
Será realizada uma grande manifestação nacional no dia 3 de julho na Avenida Paulista, ainda maior do que a deste 1º de maio.
Para explicar qual a avaliação do Partido e quais os próximos passos, o Diário Causa Operária entrevistou o companheiro João Caproni Pimenta, dirigente do Comitê do PCO de São Paulo.
Diário Causa Operária: O comitê central se reuniu nesse final de semana e fez uma discussão sobre o 1º de maio, qual foi a avaliação do partido sobre esse ato?
João Caproni Pimenta: A direção central reunida primeiro fez uma apreciação com membros de todas as regionais, foram 40 pessoas presentes na reunião, e só isso já demonstra o caráter democrático e militante do partido, porque as pessoas que fizeram o ato, que organizaram as caravanas, que tiveram aí esse tempo dedicado foram elas que efetivamente fizeram a avaliação crítica do trabalho.
Nós avaliamos que ainda tenha muita coisa que a gente poderia ter feito melhor, nós estamos vendo também que foi um sucesso tremendo. O ato foi, a gente fez um balanço, o maior ato da esquerda desde o início a pandemia. E nós conseguimos, isso é importante.
A esquerda, as lideranças do movimento operário que fizeram uma coisa muito errada que foi o 1º de maio com a Força Sindical, FHC, e golpistas em geral – uma ofensa ao Dia do Trabalhador. No entanto, o partido conseguiu expressar aí um descontentamento enorme que há na esquerda em relação a esse tipo de política e canalizar para organizar um ato que teve um tamanho expressivo, não foi só um ato representativo de uma opinião correta, mas representou no tamanho que foi grande, isso é muito bom, uma grande vitória nossa nesse sentido.
DCO: A direção do partido percebeu, nessa avaliação, uma tendência dos trabalhadores à mobilização?
JCP: Olha, nós temos umas indicações claras disso no próprio ato. Lideranças sindicais tiveram presentes como foi o caso da Apeoesp e da FUP, vários setores do movimentos sem teto se mobilizaram pra ir para o ato com críticas nas posições anteriores, e movimentos inclusive dos sem terra do movimento agrário como é o caso do grupo do companheiro José Rainha, a Frente Nacional de Lutas, todos eles indicaram uma coisa.
Em primeiro lugar, que são pessoas ligadas a movimento real que sabem que a questão de ficar em casa é para uma pequena minoria de privilegiados, os sem tetos sabem melhor que todo mundo isso aí, os petroleiros também, os petroleiros são categoria essencial e estão trabalhando, estão ficando doentes nas refinarias, a situação é muito ruim. Então, há uma tendência de mobilização. Há setores inclusive dentro da esquerda que não questionam essa linha oficial de não fazer nada, inclusive sou obrigado a colocar, é uma linha oficial muito absurda para um país que tem 400 mil mortos por coronavírus. Então, acho assim, existe claramente uma tendência à mobilização, nós vamos, pelas decisões tomadas pelo partido, aumentar a mobilização para ajudar a canalizar essa tendência e ver se a gente consegue, efetivamente, quebrar o bloqueio e a paralisia do movimento nesse momento.
DCO: E quais são os eixos centrais dessa mobilização?
JCP: Primeiro, nós estamos prestando atenção em uma coisa que as pessoas (a esquerda) querem ignorar, que é a situação de colapso generalizado da saúde e de crise da pandemia, que está simbolizada pela falta total de vacinas e pelo colapso da saúde.
Nós vamos exigir a quebra das patentes das vacinas e a vacinação em massa, imediatamente, para todos. Isso é uma questão que a gente tem que ver com muito cuidado, a quebra das patentes, por quê? Porque o Brasil está sendo sufocado por falta de vacina por questões comerciais, não são efetivamente questões de saúde, é para defender os lucros da Pfizer, da Moderna e de outras empresas da saúde. E nós vamos também exigir a aplicação de medidas contra a carestia, pobreza e a fome generalizada que se instauraram no país nesse último ano de pandemia. Coloca-se aí, em primeiro plano, a questão da exigência de um auxílio emergencial no valor de um salário mínimo para todos os brasileiros, em primeiro lugar, como combate à pobreza e ao desemprego. E uma campanha nacional para reduzir a jornada de trabalho para 35 horas por semana para que todos possam trabalhar, trabalhar menos para que todo mundo possa trabalhar e sem redução de salário.
DCO: Como vai ser essa campanha daqui pra frente? Não só da jornada de trabalho mas de todas essas reivindicações que você falou.
JCP: Nós vamos começar uma agitação grande na nossa imprensa, seja nos nossos meios digitais, como a COTV e o Diário Causa Operária, mas nós também vamos iniciar uma campanha nas ruas, com publicação de centenas de milhares de panfletos a serem distribuídos em todo o território nacional. E isso aí vai desaguar na convocação de um ato público, outro ato nacional, dessa vez na avenida Paulista, no dia 3 de julho.
DCO: E pra esse ato, vão ser chamadas as mesmas organizações que participaram desse ato de 1º de maio, é dirigido a quem?
JCP: É dirigido a todos que participaram do 1º de maio, que viram a importância dessa atividade, nós vamos convocar todo mundo que esteve no 1º de maio, nós vamos convocar pro dia 3 de julho, mas nós também vamos chamar pessoas que viram a nossa iniciativa, militantes da esquerda a se juntar nesse protesto em defesa da classe operária, todo mundo que tenha uma consciência democrática, consciência popular que acha que é necessário enfrentar os golpistas e a situação de pobreza que estão impondo ao país. Você está sendo convidado aqui e agora, é um ato de todos, todos aqueles que representam a classe operária e os trabalhadores brasileiros.
DCO: A tendência é que esse ato mobilize, seja maior inclusive do que o 1º de maio?
JCP: Todo mundo que participou do ato saiu muito animado de lá. A expectativa é que seja maior e nós estamos esperando o dobro do público.