No último dia 24, através de manobras políticas e jurídicas, o PSDB, enfim, conseguiu se infiltrar nos atos da esquerda que vêm acontecendo desde o 1º de Maio – data na qual o PCO quebrou o “fique em casa” dos partidos pequeno-burgueses ao levar mais de 2.000 pessoas para a praça da Sé a fim de comemorar o dia internacional dos trabalhadores – e, além de seus militantes usuais (a PM), contou com o suporte de diversos outros setores e partidos como o PDT, PCdoB e a União Nacional dos Estudantes (UNE). Sim, a UNE. A mesma organização que fechou suas portas na cara dos estudantes desde o começo da pandemia, que não lutou contra o EAD e que não mobilizou pela vacinação dos alunos e professores, enfim mostrou o real nível do aparelhamento direitista em sua direção.
Sem nem ao menos completar uma semana na principal cadeira da instituição, Bruna Brelaz, atual presidenta da UNE e filiada da UJS (União da Juventude Socialista, braço jovem do PCdoB), resolveu – como sua primeira decisão política de real importância – acompanhar a ala adulta de seu partido e se unir ao PSDB nos protestos do último sábado que aconteceram na Avenida Paulista, em São Paulo. Tal qual os tucanos hegemonicamente controlam o Governo do Estado desde 2002 (ou seja, por 24 anos), a UJS controla principal instituição estudantil do País há, basicamente, 40 anos (desde a refundação da União Nacional dos Estudantes em 1979, perdendo somente uma única eleição desde então). Insta frisar, também, o caráter absurdo e toda a obscuridade que permeou a eleição de Bruna Brelaz. Em plena pandemia, o último congresso da UNE foi convocado de forma extraordinária (com um post no site dos mesmos e um e-mail “convidando” à participação), de supetão, e restou em uma reunião online na qual somente tiveram poder de fala algumas “autoridades” e pessoas específicas (delegados) que acabaram por eleger a candidata da UJS.
Dito isto e com base na guinada à direita do PCdoB nos últimos anos – que, inclusive, abdicou do vermelho como cor oficial e passou ao verde e amarelo dos golpistas nas manifestações (caminho seguido agora também pela presidente da União Nacional dos Estudantes) –, não é de se estranhar tanto que a UNE resolveu se juntar aos principais algozes de todo e quaisquer professores e alunos do Brasil. Que resolveu se aliar e agregar ao bloco daqueles que não hesitam em utilizar do monopólio da força garantido pelo Estado para espancar, cegar, jogar bombas, sprays de pimenta e soltar cachorros contra aqueles que deveriam estar sob sua égide.
A Aliança da Juventude Revolucionária (AJR), diante desta situação exposta, repudia veementemente a participação da UNE na composição do bloco dos tucanos, bem como também a própria participação do PSDB nos atos que são, originalmente e essencialmente, da esquerda. A situação política mostra ser cada vez mais necessário que a UNE seja reorganizada pela base. Que, através da política correta, marxista, operária e voltada aos reais interesses dos estudantes e professores, se torne uma força política capaz de realmente mobilizar a grande massa estudantil que sofre cada vez mais com os governos golpistas. Quebrar a hegemonia dos partidos da esquerda pequeno burguesa dentro das organizações estudantis é o caminho a ser seguido a todos os estudantes que queiram ser devidamente representados e ter suas reivindicações – das mais básicas às mais complexas – asseguradas. Não se mostra plausível, em hipótese ou situação alguma, a união do enforcado com seu carrasco, da mesma forma que não é aceitável a união dos estudantes (ou sua representação política) com o PSDB.